METAMORFOSE

Deito os olhos no mar calmo e descanso

Meu corpo e alma, da luta e sofrimento.

Todos os males, todo o antigo ranço,

Quero expurgar neste único momento.

Quero que o mar à minha frente, manso

Como um gigante adormecido e lento,

Me transmita a harmonia de seu remanso,

Me dê a paz de seu sussurro ao vento.

Mas eis que pouco a pouco o monstro acorda,

Se agita e de furor quase transborda.

Percebo então que, nesta hora agourenta,

Sem querer fui o mais forte e o mais rude:

Em vez de o mar me infundir sua quietude,

Infundi-lhe eu o mal que me atormenta.

(Selecionado para a coletânea dos 50 melhores sonetos do IX Festival Internacional do Soneto)

Pereirinha
Enviado por Pereirinha em 27/08/2016
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