EGOTICVS EMERITVS - Soneto Decassílabo Soturno

São como as catedrais os meus sonetos:

O que têm de serenos, têm de obscuros.

Analisai a densidade... Os muros,

Vede como são rijos... Vede os tetos:

Não são de vidro frágil, são concretos,

E do Altar nos sudários não há furos.

Ouvi vós os sons góticos, escuros

Dos órgãos, dos metais e dos cornetos!

Ouvistes? Pois agora esquecei tudo

Que outro valor mais alto eu já levanto

Pois contra o que é ruim será escudo

Das belezas — E o pio olhar de um santo

No vitral denuncia o anseio mudo

De um silêncio maior que qualquer canto.

Péricles Ventura Neto
Enviado por Péricles Ventura Neto em 25/08/2016
Reeditado em 25/08/2016
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