AO TEU RETRATO
Aqui tu dormes, divinamente pura e bela,
Como dormes em meus sonhos mais sublimes...
A vida ao punir-me te absolve d"outros crimes,
neste silêncio fúnebre que a teu sono vela.
Tu te despertaste na manhã seguinte ao adeus,
somente aqui, onde o Nitrato de Prata te deu vida,
pelo resto dos meus dias permanecerás dormida,
a sorrir, diante destes olhos meus.
Aqui ficou eternizado teu rosto sorridente,
talvez nem me notavas, olhavas para a lente,
pois és tão vaidosa e tão sem sentimento.
Aqui o tempo parou em tua mocidade,
munindo de dores e espinhos a saudade
e tornando eterno o meu sofrimento.