Soneto de março

Quente manhã de março ainda verão

Sonhos furiosos que ardem em chamas

Brutos desejos em lamina de prata

Na fuga me junto à multidão que clama

Rasgo meu corpo com a ira por justiça

Lanço pedras no combate em vão

Gritos de dor ninguém mais ouve

Torpeza, no alto do poder ignoram o povo.

Ventania em tormenta que sopra lá fora

Homens de preto a revelar-se nos esgotos

Muros de aço entre as veras e esperança

Malvados seres das sombras

Usam da falsidade em subterfúgio macabro

Sem honradez perde-se direção de bons ventos.