TER SAUDADE (soneto)
Ter saudade é ser rasgado, cortado
Com o fio das lembranças de quem teve
É ser mendigo na convivência breve
Grito que lastima na soberania do fado
É esmurrar como quem abraça
Enxurrar de lágrimas a alma nua
No vazio do eco da noite de lua
Que no âmago de solidão jaça
É aprisionar o olhar na dor
Ir além do possível infinito
É grito no peito muito maior
São manhãs sem alvorecer
É flamejar o próprio espírito
É ser e não ser, é adormecer
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/12/2015, 14'15"- Cerrado goiano