Sonetto ("Primaveras de Amor o Ocaso esconde")

Primaveras de Amor o Ocaso esconde,

E a luz que não se vê, silente, espera,

Humilde, a luz maior, ridente esfera,

Ousada na ambição, inerme a fronde.

Murmura a cerração: "Terrenos, ponde

Em tudo o vosso olhar: o Impuro impera!

Rei sou, e o extremo Nada - cruenta fera -

Ostenta o Baluarte!" E o Sol responde:

"Majestade tu és, porém não tardo:

Ao quanto é morto inspiro unção garrida;

Desespero não queima o Lume em que ardo;

Oh, desperai-vos vós, Enegrecida

Lousa Celeste!" E o Príncipe galhardo,

Latente embora, o Espaço ornou de Vida.

Pe. Homero Madoll

Pároco da Igreja de Nª Sra. do Desassossego

Homero Madoll
Enviado por Homero Madoll em 27/11/2015
Reeditado em 22/03/2019
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