Soneto do mar
Sentado triste numa tosca pedra,
Deitei os olhos no balé do mar;
Vi tua imagem onde as ondas quebram
E veio essa vontade de chorar.
Quisera que o ontem hoje outra vez fosse,
Pra ser de novo o teu querido amor.
Cruel final que a nossa sorte trouxe,
Ancorando em mim tão imensa dor.
Tal o barco que foge dos maus ventos,
Recolhendo-se ao porto e atando amarras,
Busquei refúgio pros meus desalentos,
E teu colo foi meu melhor abrigo...
Sem ter mais forças pra aguentar a barra,
Convidei o mar pra chorar comigo.
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N. do A. - Na ilustração, aspecto da praia de Matinhos, Paraná, em foto do autor.