Eternidade
Eternidade
O reles mortal em sua cova chora
Mas como chora se não é finado?
Se defunto fosse, teria chorado?
Se chorado não deveria ir embora?
Sete palmos, pá de cal, eis tua hora
Desesperado ele vê-se ornamentado
Num belo terno em flores cravejado
Maquiagem que sua pele branca cora.
Ele rumou ao seu enterro rindo
Queria acreditar que era de verdade
Mesmo estando ali tudo muito lindo
Convidados que comiam brevidade
Vela acesa, a banda cantando o hino
Ele correu pra luz, pra eternidade.