CORPO DE FURTO

Se inadvertidamente me calarem um poema

Cujos versos em eclosão venham a se silenciar...

Seja momentaneamente o silêncio o grande tema!

Possa o âmago da poesia em silêncio , então, gritar.

Se o larápio se estender ao furto da consciência

E meu verso já confuso possa vir a claudicar

Seja a rima de batalha minha única independência!

E que possa eu rimar para o meu mundo libertar.

Venham todos os velhacos,donos de palavras nuas

Na poética mais que frustra de poesia profanar!

Não haverá nem meio verso a lhes ceder à força bruta

De enganar qualquer poema na falácia de rimar.

Se algum dia me furtarem um poema incorporado

Levem o corpo- não a alma!- dum sentimento a borbulhar.