"Quando os ventos da inspiração atingem minh'alma, eles libertam os signos que querem bradar ao mundo." Fábio Ribeiro

O CARREGADOR DA ESCADARIA

De pés descalços e músculos fatigados
Ao som da buzina ele desce a escadaria
Barco atracou carregado de mercadoria
Segue para labutar uns dignos trocados 

Nas veias o álcool é o seu combustível
Que ele compartilha com o irmão-amigo
Quantas noites nos bancos do abrigo?
Ao relento acreditando no impossível 

E quem ousaria falar-lhe de felicidade?  
Se o salgado suor sempre dói na ferida
Mas talvez o sorriso de seu pequenino

Ajude-o a enfrentar as linhas do destino 
Roga a Deus! Que dê a ele sorte na vida 
Que ele viva em alvoradas de liberdade

Comentário do Autor: Uma singela homenagem a estes Guerreiros que são as molas mestras de todo o comércio do interior desse nosso imenso Amazonas, onde as estradas são os nossos rios e esses homens são os responsáveis por transportar tanto as mercadorias que chegam aos municípios, como também os produtos provenientes seja do extrativismo, da agricultura ou de qualquer outra fonte que possa alavancar renda para os nossos irmão interioranos e que são comercializados em Manaus.
Infelizmente, apesar de vivermos num mundo com bastante tecnologia, até hoje em muitos portos do interior do Amazonas, o manuseio de cargas ou mercadorias ainda é feita de forma braçal e são os o carregadores quem fazem essa mui digna labuta. 

Na época da cheia, o seu trabalho é amenizado devido a proximidade com que os barcos ficam das cidades, mas imagine no verão onde é preciso subir longos barrancos e escadarias com peso nas costas. Quem sabe um dia alguém consiga desenvolver algum tipo de engenho que possa ser usado em ambas as estações do ano Amazônico, acredito que isso seja mais do que merecido.