Maldito Soneto
Cada palavra é docemente calculada
Prazeres moldados numa forja tirana
No verso a santa mentira imaculada
O espanto, a tristeza e a alegria profana.
Encarcerado e moldado o sentimento fica
Na hipócrita crítica de um maldito soneto
"Deste mal eu não morro" o prisioneiro replica
"Entre hediondos crimes, este eu nunca cometo".
É também questão de ponto de vista
Ou de picar o afeto numa salada mista.
Moldar um afeto pensando no impacto
É dar beijos e abraços pisando num cacto.
O dístico então é o mais complicado
É o enterro da alma em caixão fechado!