RENDIÇÃO
Com igual furor d’uma tempestade,
A assolar meu peito em desespero,
Vem-me a solidão e minh’alma invade,
Como se invadisse o mundo inteiro...
E, tal como um vírus alheio à piedade,
Com a esperteza de um bom matreiro,
Rompe-me as entranhas também saudade,
A fazer de mim o seu hospedeiro...
E nada existe que eu possa fazer,
A não ser deixar tudo acontecer,
Cumprindo calado meu próprio destino
De ir me rendendo sem apelação,
Enquanto, por dentro, mesmo que em vão,
Eu choro, eu grito, clamo e me alucino...