RENDIÇÃO

Com igual furor d’uma tempestade,

A assolar meu peito em desespero,

Vem-me a solidão e minh’alma invade,

Como se invadisse o mundo inteiro...

E, tal como um vírus alheio à piedade,

Com a esperteza de um bom matreiro,

Rompe-me as entranhas também saudade,

A fazer de mim o seu hospedeiro...

E nada existe que eu possa fazer,

A não ser deixar tudo acontecer,

Cumprindo calado meu próprio destino

De ir me rendendo sem apelação,

Enquanto, por dentro, mesmo que em vão,

Eu choro, eu grito, clamo e me alucino...

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 10/12/2014
Código do texto: T5065095
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