Soneto

Tais pontos longínquos, dos olhos distantes,

Mas perto da alma, guardadas no peito,

Lembranças passadas, tão fortes, constantes,

E molham os olhos, à noite, no leito.

Tão poucos os anos, mas muito marcantes,

Aqueles vividos; lhes presto meu preito;

Passados os anos, revivo os instantes

De um sonho bonito ao léu ser desfeito.

A doce lembrança se chama saudade,

Que grita no peito um gritar que é vão,

Pois vai para além do poder da vontade.

As lutas de agora, maiores que então,

Vislumbram de longe a felicidade,

E um gesto de adeus num aceno de mão.

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 21/10/2014
Reeditado em 24/11/2014
Código do texto: T5007351
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