ESTIGMAS

Pegadas eu não deixei, caminhando em piso de mármore.
Passos lentos e acorrentados na busca ímpia sem direção.
Marcas no chão se apagarão, como retrato que descolore.
Andar tardo é pétrea dor, que arrasta o corpo e o coração.

Voo triste de vão destino, é ave sem pouso na bela árvore.
Pairar em queda livre, sem deixar que o medo lhe apavore.
Bater de asas em aflição, sem descanso como um falcão.
Flutuar ao léu desgovernado, levado pelo olho do furacão.

Nadando em mar revolto, tendo em rumo certo a solidão.
Braçadas dei em águas turvas, no oceano em tempestade.
Afundo só na calma, do basto silêncio fusco da insanidade.
Mergulhando profundamente, encontro paz na escuridão.

Alma tatuada por ferimentos, nos tormentos de sua prisão.
Exilada em pensamentos, mas... libertária em seu perdão.