LONGA ESPERA
As ondas quebradiças deste mar
Rendilham tua saia com espumas,
Enquanto com o olhar por entre brumas
Esperas quem demora pra voltar.
Com a mesma colônia te perfumas
Para agradá-lo, pois, no seu chegar,
Nalgum entardecer, de algum lugar;
Trazendo-te presentes; joias, plumas...
Atrás daquele adeus ficou saudade
Crescendo represada no amargor,
Mas não perdeste a tua identidade.
Varrem o mar teus olhos por amor,
Sonhando a hora da felicidade;
Do abraço e beijo do velejador.
* GRATO, BELÍSSIMAS INTERAÇÕES:
SONETO DA ESPERA ALUCINANTE
Seu velejador partiu além mar
Seus dias parecem intermináveis
As lágrimas caem incontroláveis
Tão ansiosa ela está a esperar
E como sonâmbula vai ao cais
Lançar sobre o mar seu lânguido olhar
Não foi marcado quando ia chegar
É assaz a espera e sofridos seus ais
O vento cortante afia a saudade
O frio dentro d'alma congela a dor
Gélida soluça a infelicidade
E assim vê raiar o clarão do dia
Com o sol vislumbrou o vulto do amor
Será realidade ou só fantasia?
(Madalena de Jesus)
TE CHAMO
Por que tu te demoras tanto assim,
não vês que te aguardo ansiosa?
Angústia me maltrata, não tem fim.
O ninho eu enfeitei com muitas rosas,
na cama pus cobertas de cetim...
A noite há de ser esplendorosa.
Vem logo, te apressa, eu te amo.
Não canso de te amar, e por ti chamo.
(HLuna)
A VOLTA DO VELEJADOR
Enquanto ondas rendilham minhas saias
Minha vista se perde no horizonte
Esperando-te ao som das belas faias
E dos coqueiros que a brisa acalanta...
Perfumo-me com o olor que ti encanta
Pra que de mil amores tu te esvaias
E qual abelha, do néctar que apanhas,
Toda doçura que tenho, tu extraias...
Não existe adeus se acaso vais à pesca
Apenas há saudade e encantamento
No retorno do barco em hora fresca...
E ao avistar o teu barco em alto mar
Arde o desejo à espera do momento
De em Teus braços meu corpo naufragar!...
(Ângela Faria de Paula Lima)