Sinfonia ocelar da vida

(a José Saramago)

não somos mais os parvos da escrita escolar

nem os Dante das, outrora, quimeras infernais

os monstros pós-tudo dos resíduos intelectuais

a luta irracional da razão, sem razão, arrasada

das turbulências da marra cotidiana, fingindo-nos

atoleimados diante da perplexidade circundante

somos seus cegos infaustos neófitos navegantes

abastecidos que sempre estamos de seus desafios

enclausurando o nazireu com ferrOlho sem chave

cerramo-nos também em porões que não se abrem

por decifrarmos dolosamente o enigma de Sansão

mas o regente desse festival sinistro é ambidestro

e não delata nem esconde o que deve ser manifesto

cabendo a nós dos olhos querer descerrar a visão

Janete Santos
Enviado por Janete Santos em 04/05/2014
Reeditado em 04/05/2014
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