AÇO POÉTICO

Moderna Parca, força violenta,

lâmina incomum, báquica, cortante.

De existência imóvel, incessante;

matéria estranha, sanguinolenta.

Mestre a toda poesia sangrenta!

És aço ainda que aço, azul, constante,

com versos tetânicos mais que Dante,

gritos 'estróficos', respiração lenta...

Infesta a tudo, neutro como um cético,

inda que vil, ao lhe curvar o espaço

onde estou num ser mais que esquelético,

pelo chão, de meu corpo, há alguns pedaços.

Vou eu lendo-te, sentado, aço poético,

enquanto vai a alma a me deixar dos braços!

Deison Rafael
Enviado por Deison Rafael em 06/03/2014
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