AÇO POÉTICO
Moderna Parca, força violenta,
lâmina incomum, báquica, cortante.
De existência imóvel, incessante;
matéria estranha, sanguinolenta.
Mestre a toda poesia sangrenta!
És aço ainda que aço, azul, constante,
com versos tetânicos mais que Dante,
gritos 'estróficos', respiração lenta...
Infesta a tudo, neutro como um cético,
inda que vil, ao lhe curvar o espaço
onde estou num ser mais que esquelético,
pelo chão, de meu corpo, há alguns pedaços.
Vou eu lendo-te, sentado, aço poético,
enquanto vai a alma a me deixar dos braços!