Fazer um Céu por Onde Passar

Podemos fazer um céu por onde passar

Espalhar amizade onde existe egoísmo

Levar nossa fé onde impera a descrença

Doar alegria onde se faz presente à tristeza

A contaminação do ódio com amor purificar

Ser generoso envergonhando o individualismo

Agir com solidariedade diante da indiferença

Exercer compaixão ao gesto de indelicadeza

Com gentileza fazer a truculência se calar

Com esperança persuadir o pragmatismo

Mostrar a insolência o poder da temperança

Fazer com ética a indignidade desmoronar

Deixar a honestidade sobressair ao cinismo

Vencer uma guerra com um sorriso de criança

Interação de Roberta Lessaa

Olá Fábio, esteja sempre bem:

Sim tudo

nada podemos e se assim o fazemos é por que deveras poetas somos. Numa tarde, ou manhã, ou sem tempo e espaço, novamente tomando meu cafezinho com leite e molho de pimenta aqui estou à escrevinhar e olhe o que deu... se algo deu, dou à você, espero que goste:

Houveram tempos sem perdas e danos, completando-se pelas bordas e beiradas alucinadas de fome de uma arte já deturpada de valores entre interesses e poderes.

Houveram tempos sem pressas e perigos, corroborando-se pelas entradas e estradas de nome de uma arte já esmiuçada de calores entre febres e plebes.

Houveram tempos sem posses e rócios, contemplando-se pelas normas e formas alucinadas de nomes de uma sorte já delapidada de sabores entre usos e costumes.

Houveram tempos sem pudores e vergonhas, estagnando-se belas matas e mortes comemoradas de lumes de uma parte já interpelada de saberes entre cores e colares.

Houveram tempos sem paciência e ciência, inundando-se pelas passadas e pisadas incorporadas de pudores de uma corte já deletada de vigores entre folhas e raízes.

Houveram tempos sem passos e danças ritmando-se pelas salas e valas destinadas de senhores de uma morte já delegada de dizeres entre sobras e sombras.

Houveram tempos sem paz e voz, amargando-se pelas investidas e acolhidas de pudores de uma consorte já subjugada de temores entre lume e escuridão.

O TEMPO DA POESIA (Série Diálogos Poéticos) ROBERTA LESSA/FÁBIO BRANDÃO//espero que goste...

Fábio Brandão
Enviado por Fábio Brandão em 08/12/2013
Reeditado em 06/10/2016
Código do texto: T4603869
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