PESO NA ALMA

Sinto o peso do mundo sobre as costas,

Mas não como sentia o pobre Atlas,

Que, mesmo o segurando com suas patas,

Podia suportar as penas postas.

O peso que me aflige é diferente:

É o estômago faminto da criança,

É a dor dos que perderam a esperança,

A doença que acomete a muita gente.

É minha a dor alheia sem alívio,

E, mesmo que não haja algum convívio,

Padeço com o mendigo na sarjeta;

Minha alma pede a morte quando a grávida,

Por causa de seu vício vende, ávida,

Seu próprio filho ainda de chupeta.

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 26/10/2013
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