PESO NA ALMA
Sinto o peso do mundo sobre as costas,
Mas não como sentia o pobre Atlas,
Que, mesmo o segurando com suas patas,
Podia suportar as penas postas.
O peso que me aflige é diferente:
É o estômago faminto da criança,
É a dor dos que perderam a esperança,
A doença que acomete a muita gente.
É minha a dor alheia sem alívio,
E, mesmo que não haja algum convívio,
Padeço com o mendigo na sarjeta;
Minha alma pede a morte quando a grávida,
Por causa de seu vício vende, ávida,
Seu próprio filho ainda de chupeta.