A LÍNGUA
Fala-se tanto, nesta vida curta,
Que me impressiona não morrer o músculo
Que forma a língua, esse feroz corpúsculo
Que muito fala e o dono nada escuta.
Sobre ela muito já falou o apóstolo;
Ela engrandece a criação divina,
Ataca o irmão com precisão ferina
E, ao mesmo tempo, é instrumento do ósculo.
É o artefato gustativo rubro,
Que, ao se aliar ao olfativo bulbo,
Possibilita-se sentir sabores;
Melhor seria utilizá-la apenas
Para dizer-se as coisas mais amenas
E dissipar do coração as dores.