A LÍNGUA

Fala-se tanto, nesta vida curta,

Que me impressiona não morrer o músculo

Que forma a língua, esse feroz corpúsculo

Que muito fala e o dono nada escuta.

Sobre ela muito já falou o apóstolo;

Ela engrandece a criação divina,

Ataca o irmão com precisão ferina

E, ao mesmo tempo, é instrumento do ósculo.

É o artefato gustativo rubro,

Que, ao se aliar ao olfativo bulbo,

Possibilita-se sentir sabores;

Melhor seria utilizá-la apenas

Para dizer-se as coisas mais amenas

E dissipar do coração as dores.

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 24/10/2013
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