MORTO-VIVO

Morri. E os meus mortais restolhos podres

Vicejam com a energia circundante,

Uma mera parcela irrelevante

Armazenada em podres velhos odres.

Oh, terrível destino é ser zumbi:

Morto em meio às criaturas vicejantes,

Vivo ao redor das mais agonizantes,

Sem uma sepultura ou lar aqui.

Por que não me executa alguém que mata,

Perfurando-me o peito a bala prata

Que dizem desfazer a maldição?

Mas creio não ter fim o meu sufoco,

Pois o vazio aqui em meu corpo oco

É o da falta de um vivo coração.

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 21/10/2013
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