O BANQUETE

A carne estraçalhada pelos dentes

Vai e vem na cavidade orofacial,

Passeia no tecido gengival

E roça nas amígdalas doentes.

De súbito, uma pausa inesperada

Causada pela dor de uma mordida

Impede o movimento da comida

Processada na boca escancarada.

Refeito do momento doloroso,

Degusta o homem o prato saboroso

Que à sua frente faz morrer à míngua;

Já finda a fome e à frente já do espelho,

Com um grito, põe-se o homem sobre o joelho

Ao ver que degustara a própria língua.

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 20/10/2013
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