O BANQUETE
A carne estraçalhada pelos dentes
Vai e vem na cavidade orofacial,
Passeia no tecido gengival
E roça nas amígdalas doentes.
De súbito, uma pausa inesperada
Causada pela dor de uma mordida
Impede o movimento da comida
Processada na boca escancarada.
Refeito do momento doloroso,
Degusta o homem o prato saboroso
Que à sua frente faz morrer à míngua;
Já finda a fome e à frente já do espelho,
Com um grito, põe-se o homem sobre o joelho
Ao ver que degustara a própria língua.