PARASITAS
Tudo está torto, como torto é o mundo.
E esse redondo mundo torto acaba,
E sobre os homens sem vigor desaba,
Trazendo à tona o mal-estar profundo.
Acaba o mundo com a vontade viva
De perseguir com zelo dias melhores,
De renegar com ânsia instintos piores,
Deixando o homem como está, à deriva.
Oh, pobre homem, entregue ao próprio homem!
Irmãos de sangue a seus irmãos consomem,
Antropofágico delírio insano;
E ainda há quem abra a boca e diga
Que a solitária com que o homem briga
É o verdadeiro parasita humano.