O DESPERTAR DA MORTE

Andei nas densas trevas dos sem-vida,

Sentindo-lhes a dor que já não pulsa,

Pois pela morte a vida toda é expulsa,

Não havendo esperança à já perdida.

Em vão em vida viram seus desejos

Satisfeitos ao toque da cobiça,

Pelo brilho da vida que enfeitiça;

Mas, ao cabo, restaram os percevejos.

Despertem os que estão vivos entre a morte,

Pois pode ser que hoje a própria sorte

Reflita em inversão o seu azar;

Virão tempos eternos sem descanso,

Em que até mesmo o homem que foi manso

Por todo o tempo morto irá chorar.

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 28/09/2013
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