O DESPERTAR DA MORTE
Andei nas densas trevas dos sem-vida,
Sentindo-lhes a dor que já não pulsa,
Pois pela morte a vida toda é expulsa,
Não havendo esperança à já perdida.
Em vão em vida viram seus desejos
Satisfeitos ao toque da cobiça,
Pelo brilho da vida que enfeitiça;
Mas, ao cabo, restaram os percevejos.
Despertem os que estão vivos entre a morte,
Pois pode ser que hoje a própria sorte
Reflita em inversão o seu azar;
Virão tempos eternos sem descanso,
Em que até mesmo o homem que foi manso
Por todo o tempo morto irá chorar.