Sobram meses no salário

Ganha-se pouco; pra comer, apenas.

Sobram migalhas para as diversões.

Dívidas se acumulam às centenas,

Os credores se espalham aos montões.

E nada de supérfluo, só pequenas

Compras, fiados, muitas prestações.

Agiotas arrancam nossas penas;

Cobradores, os últimos tostões.

Um trocadinho para um pão dormido;

A última moeda vai embora;

Uma grana emprestada de um amigo...

Chega o nosso salário de pedinte.

No mesmo dia ele se evapora,

E já sonhamos com o mês seguinte.

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 28/08/2013
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