“ENQUANTO VIVO”
Por que, a morte, pranteamos?
Por que moedas ao enterrador?
Por que carregar o andor
Se ao levar os mortos nos cansamos?
Por que desflorar uma flor?
Pra que um castiçal acendido,
Pra quê? Se já não há sentido
No corpo teso, frio, sem cor.
Pra que reza às contas do rosário,
Se em breve ocupam o ossuário
Os ossos que a carne cobria...
Uma inscrição na lápide sepulcral:
Aqui jaz o fulano de tal
De quem nada foi dito enquanto vivia.