Meu silêncio

É preciso saber calar nas ocasiões

de falar pelo silêncio eloquente.

“Calar-me-ei somente,” – disse Camões –

“que meu mal nem ouvir se me consente.”

Sim, calar-me-ei – também o digo.

Nemo tenetur se detegere.

Meu mal?... Ah, guardá-lo-ei para comigo!

Se é ilícito referir, não se refere.

Disse em prosa, muito sábio, Rubem Alves:

“... é preciso estar meio distraído

para ver a verdade.”

Dessarte – a menos que tu me salves –

estarei, para sempre, retraído,

na prisão que me tira a liberdade!