Soneto da Nostalgia

Escravo indolente a espera da aurora,

na quimera de um sonho sem nada enxergar,

do breu um lume, já visto outrora.

Ilumina e aquece, sem ter sol ou luar.

Um aroma me guia pela luz a brilhar,

num doce deleite um anjo despido,

airoso seu rosto me faz tremular,

arrancando do peito um tempo esquecido.

Teus olhos já fazem meu pranto rolar

lembrando do corpo que um dia foi meu,

sem chão eu desperto supenso no ar

Como pode viver quem já morreu?

apavorado com o peito a rasgar

com um amor, que para sempre se perdeu.