CANTO REVELADO * Nunca mais!

De mim não falo, porque não importa.

De mim, apenas digo: aqui estou.

E grito não, que já ninguém suporta

a teia em que a cidade se enredou.

Falar no singular é pretender

que as pedras da calçada são só minhas,

que o luto apenas veste as andorinhas,

que a parte impõe ao todo o verbo ser.

A força conjugada que anuncia,

há séculos, a parábola dos vimes

germina, neste chão, plurais sublimes

de amor e pão, de cor e poesia...

E eu vou contigo... e tu comigo vais

gritar o não, o não de nunca mais!

José-Augusto de Carvalho

7 de Janeiro de 2007.

Viana * Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 08/01/2007
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T340163
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