SONETO DE UM PORVIR

Eu conheço todos os dias que me esperam,
Passo por eles, e sempre que passo, viro meu rosto.
Sei do tamanho dos ciprestes que me velam,
Sei dos corvos que os habitam e seus gostos.

Crônica de uma morte anunciada?... Escada?!
Será que já não estou morto, sujo?!
Quem me garante a alegria dessa vida mascarada?!
Sei do sangue do meu peito, e ele não é rubro!

Minha cabeça não se prende mais a mim,
Meu corpo não tem mais chaves, tampouco portas...
Meus passos, tal qual meus olhos, são cegos!

Vejo-me em comunhão - melancolia, depressão e sem rota.
Deleito-me com a noite - Bovary que me entrego!
Sono, solidão, socorro, sonâmbulo e o fim!
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 15/11/2011
Reeditado em 15/03/2017
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