Espelho

Por trás da moldura envelhecida

uma figura me fita, e não sou eu,

espectro d’alguém que já morreu

e s’esqueceu de despedir da vida.

Vejo a face, tracejada, distorcida,

onde a ação do tempo a corroeu,

no olhar que s’assemelha ao meu,

vivacidade embotada, escurecida.

Indago então, ao surreal visitante,

por que ele se faz tão vil farsante,

enganoso, a se passar por mim...

E ele responde, co’a face radiante,

que não existe farsa ness’instante...

...É a velhice que chegou, enfim...

Aleki Zalex
Enviado por Aleki Zalex em 10/11/2011
Reeditado em 10/11/2011
Código do texto: T3328073
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