XX XX

Tu temes que eu ainda ame o passado,

Que eu acredite que haja ainda sobras

De um amor em meu peito, disfarçado

De saudades de velhas e vãs obras...

Temes que eu inda esteja envenenado

Pelas ignominiosas e vis cobras

Que serpeando estão no meu passado,

Tecendo para a volta mil manobras...

Tu te amedrontas com as sombras mortas,

Para as quais eu tranquei as minhas portas,

Sem confiar nas coisas que te digo...

Sinto em dizer, querida, que no entanto,

Mais que as sombras das cobras, teu espanto

E medo é que nos causam mais perigo...

Maurilo Rezende
Enviado por Maurilo Rezende em 29/09/2011
Reeditado em 26/02/2020
Código do texto: T3248291
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