Luz
Contemplava as montanhas alvejadas
pelos lençóis vaporosos da neblina,
e num ímpeto minh’alma, inda menina,
ansiou flanar nas nuvens prateadas.
A fantasia, minha eterna namorada,
pressagiando minha ânsia matutina,
desfraldou as belas asas cristalinas
e levou-me pelos céus da alvorada.
Pude voar... E por espaços tão etéreos!
Sorvi d’orvalho o cintilar e o refrigério...
Cheguei tão perto do semblante de Deus!
Porém não pude desvendar esse mistério
que tanto intriga esta minh’alma de hespério:
D’onde vem toda essa luz dos olhos teus?