SONETO AOS DOZE PARES

I Para sentir o cheiro de terra e raiz,

II/III Ver a luz na retina a pupila fechar,

III Basta os olhos abrir e em volta ver o mar

IV E parar de olhar sempre a ponta do nariz.

V Fechar bem forte a boca se for falar mal,

V Sentir na face a brisa beijando-lhe a tez.

VI Olhar para fora de si de uma só vez,

VII De olhos fechados provar o doce e o sal.

VII Faça careta, ria ou dê beijos agora.

VIII Busque o equilíbrio e escute quem já viveu mais:

IX Engolir sapo pode até lhe nausear,

X Mas não vomite, solte um canto pelo ar,

XI Dê de ombros a raiva e encontre, em si, a paz,

XII E acabe lambendo um bom sorvete de amora.