A Dor
Canto ao mundo toda a dor que me sufoca,
Qual desta sorte, mais leve fosse senti-la,
Bem aqui, onde o amor também cintila
E onde o sentimento mais forte me toca.
Contradição se insinua, e, quando entoca,
Quão obscuro e árduo se faz extingui-la!
Quase impossível, de uma vez, suprimi-la,
Posto vir d’onde o peito jaz, até a boca.
Nada me resta, senão cantar a tristura
Que insistente e incansável me assola,
Sem dar-me saber o que move tal tortura...
Quiçá, assim, a própria dor caia n’agrura!
Se canse, enfim, de me doer e vá embora,
Ou me arraste então, por fim, à sepultura...