SONETO DA LOUCURA
 

 
Por todos os rótulos vis que a psicologia do mundo
Me desenquadrada, me desajeita na vã sociedade
Lanço meu rótulo em fórmula de antídoto profundo
Alienando-me de vez dessa voz cínica da verdade!
 
Eu lanço meu grito rouco em forma de fel e veneno
Louco, que paralisa o cérebro dos sãos e normais
Digo: Eu sou louca diante do espelho! E não temo
Por saber que espelhos refletem outros loucos mais...
 
No reflexo do olhar alucinado de quem mira minha face
Eu mostro meu semblante distorcido como se bastasse...
Para me encontrar diante do outro em eterna procura...
 
E me encontro e me vejo assim, um tanto quanto torta,
Como quem tenta atravessar por esta estreita porta,
Onde todos os rumos apontam para a cela da loucura!
 
 
Goiânia-GO, 29 de agosto de 2010.
SIRLEY VIEIRA ALVES