GARRAS DE ÁGUIA

Sharik Letak


Somente pela cor dos olhos dela

O panfleto peguei em sua mão.

Mas algo em sua blusa amarela

Chamou, também, a minha atenção.


Uma águia numa sutil aquarela,

Com seu olhar de fogo varre o chão,

E a presa, uma pombinha singela,

Alheia ao perigo bica um grão.


Levanto, então, meus olhos e, surpreso,

Percebo que do amor já sou um preso:

Sou caça e ela, ali, é caçadora.


Eu já quero fugir, sair ileso,

Mas já do amor, o fogo está aceso,

Como fugir da chama abrasadora?