Sonhos

Sonhos

Personagens

Rodrigues (Narrador)

Marcio (Filho, Protagonista)

Juliana (Mãe)

Dalvani (Filha)

Alberto (Estátua Viva)

Helena (Professora de Teatro)

Cena I

JULIANA: Você vai ser médico e pronto!

MARCIO: Mas eu não quero, mãe. Para começar eu não gosto nem de ciências, biologia, principalmente anatomia, ou sei lá o que.

JULIANA: Mas era o sonho do seu pai que você fosse um médico.

MARCIO: Se ele queria tanto que tivesse um médico na família que fosse ele.

JULIANA: Mas era o sonho dele...

MARCIO: Dele não meu, ele morreu e eu não tenho obrigação nenhuma de realizar o desejo dele.

JULIANA: Mas você tem que realizar o sonho dele, Marcio.

MARCIO: E o meu sonho? Não conta?

JULIANA: E você quer ser o que?

MARCIO: Não interessa. (PEGA A MOCHILA DA ESCOLA E SAI)

JULIANA: Vou fazer o almoço que é melhor. (SAI)

Cena II

(MARCIO VEM PASSANDO E ENCONTRA UMA ESTÁTUA VIVA QUE ESTÁ PEDINDO AJUDA PARA ENGRESSAR NA FACULDADE DE ARTES CÊNICAS)

MARCIO: Oi tudo bem? (A ESTÁTUA NEM SE MEXE, CONTINUA PARADA A OUVIR MARCIO) Meu nome é Marcio. Não vai falar? Bom eu vou te ajudar. Espero que consiga ingressar nessa faculdade. (VAI SAINDO) Que cara esquisito, e me deixa falando sozinho. Quem sabe nós não sejamos colegas de classe um dia. (SAI)

Cena III

RODRIGUES: Olá meu nome é Rodrigues, sou o “narrador” dessa peça. Muitos de você já puderam notar qual o sonho de Marcio. Mas não vai ser fácil para ele conseguir, pois ele terá que enfrentar a mãe para isso. E sem tomar atitudes drásticas.

Mas será que ele vai conseguir? Vamos ver.

JULIANA: Você sim filha, vai dar o orgulho que seu pai queria!

DALVANI: Do que é que você ta falando?

JULIANA: Do sonho de seu pai.

DALVANI: De o Marcio ser médico?

JULIANA: Sim Dalvani.

DALVANI: Não vai dar mãe.

JULIANA: Por quê?

DALVANI: Eu não nasci primeiro e não tenho pinto. E o Marcio não vai ser?

JULIANA: Ele disse que não e que iria correr atrás do sonho dele.

DALVANI: E ele é que ta certo. Esse negócio de decidir pelos filhos, com quem vai se casar e em que vai se formar, tipo assim, é uma coisa anos 60. E fique sabendo que eu é que não vou realizar o sonho do papai. Afinal o Marcio era o filho preferido dele.

JULIANA: Não existe esse negócio de filho preferido. Seu pai amava os dois por igual. (ENTRA MARCIO)

MARCIO: Bom dia, irmãzinha linda do meu coração.

JULIANA: E eu não recebo abraço filho?

MARCIO: Oi mamãe! Apesar de você querer me obrigar a ser uma coisa que eu não quero, eu não tenho raiva da senhora.

JULIANA: (BEM ALEGRE) Isso quer dizer que você vai ser medico?

MARCIO: Não mãe. Isso quer dizer que eu não tenho raiva da senhora, só isso.

DALVANI: E afinal o que você quer ser? Que faculdade quer cursar?

MARCIO: Faculdade de... ei me diz a sua primeiro.

DALVANI: Eu vou ser arquiologista.

JULIANA: Minha filha uma arquiologista? (SUSPIRA COM ORGULHO)

DALVANI: E você?

MARCIO: Vou ingressar na faculdade de artes cênicas.

JULIANA: Artes Cênicas? O que é isso?

MARCIO: Teatro mamãe.

JULIANA: Ta bom!

(ANOS DEPOIS)

JULIANA: É aqui aonde ele vai se apresentar?

DALVANI: É mamãe. Não é ótimo ver o seu filho apresentar? Daqui a pouco quem sabe a rede globo não o chama?

JULIANA: Aquela é a professora dele?

DALVANI: É. Quer falar com ela?

JULIANA: Vamos lá dá uma palavrinha com ela! (APROSSIMAM-SE DA PROFESSORA) Oi tudo bem? Eu sou a mãe do Marcio, Juliana, e essa é minha outra filha irmã dele, Dalvani.

HELENA: Ah você é que é a mãe do Marcio? Ele falou muito de você no primeiro dia de aula. Que você não queria que ele seguisse o sonho dele, queria que ele fosse médico.

JULIANA: (ENVERGONHADA) É toda mãe se preocupa com o futuro de seu filho. Eu só queria o melhor para ele.

HELENA: Mas as Artes Cênicas também são boas e só faz realmente quem tem talento e isso ele tem de sobra.

JULIANA: Nossa que bom.

DALVANI: E você, quase, que obriga a ele a ser uma coisa que ele, com certeza, não iria gosta. Iria ser um desperdício de talento.

HELENA: Com certeza, ainda bem que isso não aconteceu. Mas então, entrem.

RODRIGO: Olá sou eu de novo. Vamos ver como seria se a Juliana não tivesse o deixado seguir seu sonho. Ou seja, um segundo futuro possível. Vejam.

(SEGUNDO FUTURO POSSIVEL. 10 ANOS DEPOIS)

JULIANA: Já leu os jornais minha filha?

DALVANI: Não mãe, quase não tenho tempo de ler jornal. Mas conte. O que foi que você viu?

JULIANA: Doutor Marcio ganha o recorde de medico mais requisitado em todo o país. Isso não é bom minha filha?

DALVANI: Seria, se ele não tivesse sido obrigado a fazer o tal desejo de papai. (A MÃE FICA UM POUCO TRISTE MAS NÃO CHORA) Tchau, já vou indo, preciso trabalhar. (A DALVANI SAI E EM SEGUIDA SAI A MAE)

RODRIGO: Poderia até haver um terceiro futuro possível. Deem uma olhadinha!

JULIANA: Filho volta para casa e realize o desejo de seu pai.

MARCIO: Quantas vezes eu vou ter que dizer não?

DALVANI: Deixe-o mãe, ele fugiu de casa por causa da senhora e esse bendito desejo de papai. E hoje ele é um dos melhores atores desse país, com o seu consentimento ou sem ele. E outra coisa ele é muito bom no que faz.

MARCIO: Se a senhora aceitasse, talvez nem tivesse precisão de eu fugir.

JULIANA: Então volta.

DALVANI: Agora é tarde, ele já saiu de baixo de suas asas e voou.

RODRIGO: Ainda bem que nada disso aconteceu. No segundo futuro possível porque ele sairia perdendo, e no terceiro porque ele teve que usar uma medida drástica para poder seguir seu sonho. Ao contrário dessa apresentação, os finais de histórias como essas nem sempre tem o final feliz.

ALBERTO: O importante é sonhar e lutar por seu sonho, a qualquer custo, desde de que não desrespeite ao próximo para obter êxito.

HELENA: Essas decisões envolvem muito a ética, que é necessária, pois as atitudes pessoais devem levar em conta tudo: pessoas, animais, natureza, coisas e etc. a maioria dos valores humanos se tem com a presença da ética.

JULIANA: Se há ética, há respeito mútuo, há cooperação, há solidariedade, há companheirismo, há amizade, esforço, disciplina e tantos outros...

DALVANI: Nesse caso esperamos que a pessoa verdadeiramente humana, busque seu sonhos sem esquecer sua ética pessoal.

TODOS: Porque sonhos são tudo na nossa vida, pelo simples fato de ser bom sonhar.

FIM

Luis Kenedy
Enviado por Luis Kenedy em 05/01/2012
Reeditado em 05/01/2012
Código do texto: T3423241