ROMEU E JULIETA (Bad Romance) Shakespeare

SHAKESPEARE, ADAPTAÇÕES, MODERNIDADE E GRILOS

Romeu e Julieta Bad Romance.

Haverá nome mais característico para esse romance tão mal sucedido? Romeu e Julieta é o clássico shakespeariano que chegou aonde chegou porque reproduz a vida humana tal qual esta se apresenta a todos nós.

E como é essa apresentação? A vida humana em seu desenrolar é drama; tantas e tantas cenas pelas quais passamos, tantos atos, inúmeros cenários... Alguns dos atores têm um enredo mais cômico, outros mais entremeados por pequenas tragédias...

Contudo, o desfecho fatal é reservado a toda vida humana. A tragédia mor da morte vem, e finalmente sela toda nossa encenação. As luzes se apagam finalmente para nunca mais se acenderem, os atores que sobraram, sabem bem eles, também terão os finais de seus pequenos dramas e comédias numa grande ou pequena tragédia.

A tragédia, na vida humana, é certa.

Mesmo que não seja tão trágico o seu drama, todo ser humano, necessariamente, se finda em tragédia.

Assim, um desafio se colocou à Companhia de teatro Duas Casas. Misturar Shakespeare à modernidade, a uma linguagem jovem e contemporânea, como fazê-lo?

Com uma estética visual e sonora que reproduz os signos de nossa juventude, com um apelo jovem, até mesmo pela faixa etária dos atores, a Companhia de teatro Duas Casas convida-nos a revivermos o drama amoroso mais famoso do ocidente. E prova-nos que em teatro é praticamente possível fazer tudo.

O texto shakespeariano, atemporal, sobrevive em encaixa-se perfeitamente na contemporaneidade que ainda possui homens e mulheres que sonham em ser felizes, que sonham com a possibilidade de um amor arrebatador e que a tudo supera.

Tudo muito bom e muito bem feito. Bravo! Parabéns à CIA Duas Casas!

Não direi, como alguns “grilos” chegaram a fazer no debate pós-apresentação, os defeitos que os atores possuem, as falhas técnicas, o que poderia ser melhorado no figurino, no cenário. Não direi porque não é necessário que eu apareça, não dessa maneira.

Esses “grilos”, por não terem brilho nenhum, queriam mostrar algumas fagulhas que tentavam em vão produzir, mas tais fagulhas não produzidas mostravam apenas um obscurecimento de quem não se admite obscuro, que não quer permanecer na penumbra quando seu lugar é exatamente aí.

Mas, deixando os “grilos” de lado, o ponto alto da peça, aquilo mesmo que toca o coração e que acalenta a alma, é a linguagem do enorme autor. Em cada frase há poesia, em cada falar dos autores há filosofia, e em tudo muita sabedoria.

O fenômeno Shakespeare atravessa os séculos.

Não intacto, pois é freqüentemente desmontado para que as novas gerações dêem conta de apreender tamanha força de uma obra imortal, mas se Shakespeare é desmontado não é por culpa dele.

Se hoje é possível adaptar Shakespeare aos nossos tempos é por causa da grandeza da sua obra, e não pelo talento dos adaptadores. Estes fazem um favor aos menores, traduzindo tão grandiosa obra numa linguagem mais palatável, para que estes tentem entender tamanha grandeza.

Se hoje não se entende Shakespeare e é necessário adaptá-lo para que o público jovem o conheça, a falha não é do autor, mas daqueles que não o compreende.

Entre dramas, comédias, tragédias e uma boa CIA de teatro, tivemos em nosso meio até “grilos”.

Certamente os nossos dramas logo terminarão, assim como as nossas comédias cotidianas logo desaparecerão.

Ah, os “grilos” também terão uma vida bem curtinha, como bem cabe a essa pequena espécie. Contudo nosso findar trágico, Shakespeare, certamente sobreviverá.

Quantos séculos ainda? Não sei. Mas certamente, mesmo que desapareça por completo, a obra desse imenso autor, sabemos, um dia foi de uma força insuperável.

Força essa que temos a felicidade de experimentar.

Ao ler, ouvir, assistir, ou ter qualquer contato que seja com a obra de Shakespeare o que devemos fazer é ficarmos calados. No máximo, fazer elogios. Elogios àqueles que possuem a coragem de em nossos dias homenagear o grandioso autor.

Viva a Companhia de teatro Duas Casas! Viva a Shakespeare!

Abaixo os “grilos”!

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 09/12/2010
Código do texto: T2662323
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