Incondicionalmente Amor

Incondicionalmente Amor

Texto: Poliana Ferreira

Direção: Poliana Ferreira

Personagens:

Aroldo

Florbela

Cenário: No palco uma poltrona, uma mesinha de telefone com um aparelho em cima, tapete pequeno. Na parede quadros e uma estante com livros. O telefone toca, entra Florbela e atende.

Florbela – Alô! Oi meu tigrão(suspira), ah! Estou com muita, muita saudade, hum rum! Hum rum!, ah! Você também é meu tudo, ah você também é minha vida(risos), você também é meu docinho(mais risos), você também é meu lindo, também te adoro, ai meu lindo, malaviloso, tudo na minha vida, te amo, tchau! (beija o telefone), até mais. (desliga, olha pra platéia com expressão apaixonada, suspira e diz:), Aaah! Como é bom estar amando, encontrei o meu príncipe, o amor da minha vida, ai! Vou amá-lo pra sempre, seremos muito felizes. Aaaaaaaah! (sai lentamente com feição de boba).

Em off batem na porta Florbela atende

Florbela – Quem é? (não respondem, ela manda entrar), entre! (vê que é Aroldo e diz: ), meu amor! (sorri, e vai ao encontro dele).

Aroldo – Oi minha bela, minha flor, minha Florbela(da um sorriso gracioso e continua), estava com saudade da minha to-to-za(ela sorri meio sem graça, ele a beija, ele senta na poltrona, ela fica ao seu lado, eles suspiram e se olham profundamente, entra uma música de fundo que embala a cena romântica, eles se beijam, as luzes se apagam lentamente e completamente por alguns minutos. A música vai abaixando lentamente, as luzes se ascendem. Aroldo continua sentado, mas está careca, barrigudo, mal vestido, Florbela entra mal vestida, gorda, com bobes no cabelo e maquiagem mal feita).

Florbela – Amor! Amor! (fica se beirando pelos cantos).

Aroldo – O que é? (Florbela se aproxima, tenta seduzi-lo, sopra no ouvido dele, ele diz: ). Sai pra lá mulher! Tá ficando doida é ? (olha para o público e diz: ), sai pra lá castigo.

Florbela – Bem, benhê! (se insinua colocando as pernas na poltrona e diz), Ai bem tô tão carente, vem fazer um dengo, vem.

Aroldo – Também tô carente,(olha pra platéia, aponta sua esposa e faz cara feia, continua), Ó mulher para de me perturbar, para de me encher trem! (ela tira a perna da poltrona).

Florbela – Ô mô, cê nem olha mais pra mim né, nem repara mais a sua flor(olha pra platéia com ar gracioso e sorri, ele olha pra ela e diz pra platéia)

Aroldo – Vô olhar, vô olhar pra um tribufú de bobes igual a esse? (faz cara feia)

Florbela – Meu garanhão(olha pra platéia e diz), “quem dera fosse” . meu garanhão vem fazer chameguinho na sua tigresa vem(ruge pra ele e tenta arranha-lo, ele se assusta e diz)

Aroldo – Cadê a tigresa? (olha para o público e diz), casei com a tigresa dos meus sonhos, que virou a leoa marinha dos meus pesadelos, que coisa horrorosa( faz cara de nojo)

Florbela – Ué , eu não sou sua tigresa não? , você me chamava assim antes.

Aroldo – Você falou certo antes, agora, agora, ah! Deixa pra lá.

Florbela – Continua de onde parou Aroldo! (bate o pé), ou você pensa que eu só tenho elogios pra você hein! Há,há,há! É ai que você se engana meu bem.

Aroldo – Ah! Mais agora tô vendo viu, que reclamação você tem de um homem lindo(passa os dedos na boca e nos cabelos), cheiroso(se cheira e faz cara feia), e elegante(levanta e desfila pra esposa), como eu hum?

Florbela – E você que reclamação você tem de uma mulher linda(roda), com a pele sedosa(passa a mão no rosto e faz cara feia), cheirosa(cheira as mãos e faz cara feia), formosa e gostosa(rebola), como eu, hein?

Aroldo – Ah! Você quer que eu fale né

Florbela – É

Aroldo – Você quer que eu fale mesmo né

Florbela – É

Aroldo – Você... (é enterrompido pelo grito de Florbela)

Florbela – Fala logo Aroldo! ( ele fala gaguejando)

Aroldo – É... sabe... é ... sabe... é...(ela grita)

Florbela – Aroooooooooldo! Fala logo!

Aroldo – È, olha amor, sabe... você tá com uma... uma pequena saliência(ela o olha brava), é só uma pequenina saliência no abdomem, só (faz sinal de pequeno e diz), um pouquinho(se encolhe de medo, ela olha mais furiosa)

Florbela – O quê? , repete que eu acho que não ouvi direito(grita), repete! Ou melhor Aroldo, continua,continua.

Aroldo - Amorzinho eu acho melhor... (é enterrompido)

Florbela – Aroldo, continua!

Aroldo – É... vo,você cheira a cebola e alho, mas só um pouquinho amor(fica com medo)

Florbela – Ah! Aroldo, ah! Aroldo, cheiro de cebola e alho Aroldo, ah! Aroldo, Aroldo. (olha mais furiosa para ele), continua Aroldo.

Aroldo – Ah! Benzinho, você tem um tiquinho,mas só um tiquinho sabe... é , hum! (ela grita)

Florbela – Fala Aroldo.

Aroldo – É você só tem um tiquinho, só um tiquinho não da nem pra perceber, é só um tiquinho mesmo de celu...(é interrompido novamente com um grito)

Florbela – Aroldo, seu... seu... seu ridículo, você ia falar o quê Aroldo, você ia falar celulite Aroldo, quem tem celulite é a senhora sua mãe Aroldo, não eu,(chora), eu... eu... eu sou linda, meu corpo é maravilhoso Aroldo, tenho formas de uma sereia (alisa o corpo)

Aroldo – (olhando pra platéia), Sereia, ela está mais para uma baleia .

Florbela – Olha pensando bem Aroldo eu poderia até ser modelo (desfila desengonçada), tenho certeza que faria muito sucesso, seria desejada (alisa o corpo e faz pose).

Aroldo – Há,há,há você! Modelo,desejada, ah! Amor você só seria modelo de... de... ah! Deixa pra lá, sabe, você não se enxerga né mulher (ela furiosa pega o tamanco e bate nele, neste momento entra música de fundo, eles simulam uma briga, a música para e Florbela diz: )

Florbela – Certo meu amorzinho, agora é sua vez de ouvir o que tenho a dizer sobre você (ele faz cara de deboche e diz: )

Aroldo – É, e o que você tem a dizer, de um homem lindo e galante como eu (desfila e se exibe para o público), hum!

Florbela – Há,há,há! Lindo e galante, com essa barriga grande e flácida, cheia de pelos. Com essa cabeça, que mais parece uma pista de pouso (ele faz cara de indignação), Ah! Meu querido de lindo e galante tu não tem nadica de nada. Você está ridículo, velho, feio e se acha o garotão. Confessa que você tem é inveja, pois pra mim parece que o tempo não passou (ela faz cara de deboche, ele fica com raiva)

Aroldo – É realmente não parece que passaram-se 20 anos não(ela fica vaidosa com o que o marido diz, ele continua), parece que já passaram 50 anos(ela se indigna e grita)

Florbela – Uh! O quê seu cretino, eu não acredito, você falando isso Aroldo, eu não esperava ouvir isso de você Aroldo, eu estou assim por tua causa, eu estraguei minha juventude, e o meu belo corpinho tendo seus filhos e cuidando de você. Ah! Seu...(começa a jogar objetos no chão e xingar o homem, de repente pega um álbum e quando vai jogar no chão ela abre e fica branda e saudosa e diz), Olha Aroldo(chora), olha essas fotos, veja como éramos felizes! (mostra o álbum pra ele, que fica calmo e saudoso ela continua), nós sempre nos amamos, nos respeitamos, o que aconteceu com aquele amor Aroldo? O que aconteceu com aquela felicidade e cumplicidade, o que aconteceu com a admiração que tínhamos um pelo outro, o que aconteceu com as promessas de felicidade bem?

Aroldo – É mulher a gente deixou de ver o que era mais importante nas nossas vidas, o que realmente interessa para vivermos felizes , o que realmente nos fizeram tão felizes todo esse tempo, não foi sua juventude, nem suas formas perfeitas, isso é só detalhes (ela chora), oh! Minha, minha to-to-za, eu também acho que sempre fomos felizes, passou o tempo mais somos felizes (ele sorri pra ela, ela corresponde e diz)

Florbela – É, apesar de todas as mudanças, apesar de não ser mais formosa como antes (da uma rodada), e de todas as transformações que aconteceram com você(passa a mão na careca de Aroldo), somos felizes por que nos amamos e é isso que realmente importa ! Ah! Meu tigrão(ele ruge pra ela e ela grita e sorri), Ui! Ui! (ele continua rugindo e sai correndo atrás dela, ela diz), Ai! Aroldo para vai!(ele continua rugindo e atrás dela), Aroldo para, ai! Ui! (sorri, e diz), te amo meu tigrão(ele continua rugindo, pega-a nos braços e diz)

Aroldo – Também te amo minha tigresa, também te amo(inclina-se pra beija-la, antes do beijo a música romântica toca, eles se beijão as luzes se apagam).

Escrito em 05/08/2008

Autora: Pollyana Almië

Pollyana Almie
Enviado por Pollyana Almie em 14/07/2009
Reeditado em 01/07/2010
Código do texto: T1699119
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