"Centenário Machado de Assis"

Redacão

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839, tinha saúde frágil, epilético era gago e era filho de um operário mestiço de negro e português.

Sua vasta obra inclui poesias, peças de teatro e crítica literária, destacam-se o romance e o conto.

Na verdade Machado é um escritor que, embora geograficamente limitado à sua província, aos seus amigos, à sua cidade, é também um homem universal, porque o que ele reflete, o que ele pensa, é de tal ordem, que os acontecimentos que passavam pelo mundo encontravam sempre no comentário do cronista a expressão correspondente de um homem absolutamente atualizado. Além do esforço intelectual, notável em vista da sua origem humilde e da cor, em país de convivência racial porém de preconceito, distingue-o a concentração na análise das paixões humanas, que dele faz um prosador conceptual.

Em seus romances e contos, e também nas crônicas políticas, é possível acompanhar-se a história dos últimos 50 anos do século 19 no Rio de Janeiro. Com base em textos machadianos, aspectos do poder e das funções institucionais, a emergência dos militares como camada social representativa, o poder do clero, os limitados meios de ascensão social, favoráveis apenas aos comerciantes e financistas especuladores — uma vez que até os homens de letras eram marginalizados em sociedade governada pelo dinheiro oriundo, em grande parte, das heranças e do título nobiliárquico.

Efetivamente os romances de Machado são textos influentes e nos permite ver o alcance da visão deste grande escritor, atento às grandes produções literárias, crítico em relação às tendências de seu tempo. A obra deste grande escritor é sempre um ponto de partida para outras obras, outros pensamentos, outros mundos e isso é apenas mais um elemento que constitui a sua grande força.

O estilo literário deste autor tem inspirado muitos escritores brasileiros ao longo do tempo e sua obra tem sido adaptada para a televisão, o teatro e o cinema. A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.

O centenário da morte de Machado de Assis é momento para se revisitar e iluminar um tesouro e, também, para colocarmos perguntas fundamentais à sociedade brasileira sobre nossa literatura e nossa cultura, de fazermos o confronto com os valores do tempo dele.