Movimento Pentecostal Brasileiro, um Estudo de Caso

BLEDSOE, David Allen. Movimento Pentecostal Brasileiro, um Estudo de Caso. São Paulo, SP. Editora Hagnos, 2012. 198 p.

David Allen Bledsoe é missionário da International Mission Board da Convenção Batista do Sul dos (EUA) desde 1998. Desde sua chegada ao Brasil, tem trabalhado junto às igrejas nas áreas de plantação, crescimento e desenvolvimento de líderes. Nos últimos anos tem apoiado escolas teológicas batistas brasileiras lecionando algumas disciplinas e ajudando-as a desenvolver parcerias teológicas com instituições fora do Brasil. Possui um Mestrado em Divindade (M.Div.) e um Doutorado em Ministério (D.Min.) em Missiologia pelo Seminário Teológico Batista de Mid-America e um Doutorado em Teologia (D.Th.) em Missiologia pela Universidade da África do Sul. É casado com Laurie e tem dois filhos, Marissa e Haddon.

O livro que Bledsoe propôs-se escrever trata-se de um longo trabalho de pesquisa de campo e bibliográfico para o seu segundo doutorado (2008 – 2010) [1]. Nele o autor procura discorrer sobre a história do desenvolvimento do pentecostalismo brasileiro, desde o seu início começando com o pentecostalismo clássico (ou movimento de primeira onda – 1910-1950), que tem como grupos principais a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã do Brasil (em 21 de abril de 1962 o nome foi alterado para Congregação Cristã no Brasil) [2], passando pelo pentecostalismo da segunda onda (ou movimento de segunda onda – 1950-1970), onde ele também descreve seus principais grupos que são a Igreja do Evangelho Quadrangular, O Brasil para Cristo e Igreja Pentecostal Deus é Amor, e, ainda, busca abordar sobre a forte influência que esse movimento teve sobre as igrejas evangélicas de missão (as igrejas históricas) nas décadas de 1960 e 1970, com o denominado movimento carismático que causou diversas divisões nessas igrejas. Chegando, finalmente, ao assunto principal da obra, o período neopentecostal (ou movimento de terceira onda – 1970), cujo os principais grupos são a Igreja de Nova Vida, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus, dentre outros.

Na obra, o autor irá responder à pergunta de pesquisa do seu trabalho sobre se a Igreja Universal do Reino de Deus (que é o principal objeto de estudo do autor dentro do movimento de terceira onda), “como uma das manifestações mais visíveis do movimento neopentecostal, facilita ou inibe o sucesso da evangelização na sociedade brasileira? ”, tendo como base os documentos publicados pelo Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial, e vários outros sérios e criteriosos estudiosos evangélicos no campo da Missiologia, para entender quais são as implicações dos resultados dessa pesquisa para a missão de evangelização no mundo, considerando que essa denominação tem um compromisso declarado de alcance mundial.

Algo interessante a ser observado na obra é que o Neopentecostalismo se fundamenta numa tríade que é expressamente essencial para o funcionamento do movimento: 1) a Cura para todos os males da humanidade; 2) o Exorcismo para libertação dos espíritos malignos que são os principais causadores desses males, segundo os arautos do movimento; e 3) a Prosperidade, a conquista de bens materiais como confirmação da benção do Senhor.

A compreensão desses pontos, segundo um exame da Palavra de Deus, determina onde a Igreja genuinamente bíblica se encontra neste policromo quadro eclesiástico contemporâneo: se com a tríade hermenêutica [3] (histórica, literária e teológica) das Escrituras Sagradas ou com a experiência sensorial e pragmática da tríade Neopentecostal conforme foi apontada acima.

Bledsoe conclui que que as igrejas de terceira onda são contrárias aos pontos fundamentais da fé observados no Evangelho de Cristo e nos documentos propostos pelo Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial, pois as suas práticas e crenças se assemelham às religiões afro-brasileiras, espírita kardecista e ao catolicismo popular que tanto atacam, se utilizando de misticismo através de figuras, objetos e símbolos para representarem coisas espirituais, o que acaba contribuindo na disseminação de um evangelho desfigurado que tem entrado sorrateiramente nas igrejas de missão, trazendo um desserviço para o avanço do Reino de Deus na terra.

Entende-se pela Palavra de Deus que “a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante” (Rm 10:17a) o Verbo Eterno que se fez carne (Jo 1:14) que é revelado na própria Palavra (Jo 5:39b), não havendo a necessidade de amuletos ou qualquer outro subterfugio que estimule a fé a tal ponto que possa mover o coração do Senhor para que venha abençabençoar o necessitado.

“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. ” (Hb 11:1). “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos. ” (2 Co 5:7).

Recomendamos que todo professor e estudioso da área de Apologia Cristã, História da Igreja e Missiologia tenham o livro “Movimento Pentecostal Brasileiro, um Estudo de Caso” em sua estante. Pastores deveriam apresenta-lo às suas igrejas para que a membresia fosse alertada sobre o perigo do paganismo e sectarismo presentes em organizações como a IURD, e Seminários Teológicos deveriam tê-lo em sua biblioteca para que os alunos possam ter acesso a um bom material de pesquisa com uma bibliografia riquíssima.

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[1] https://www.escavador.com/sobre/551496/david-allen-bledsoe

[2] https://www.congregacaocristanobrasil.org.br/institucional/estatuto

[3] Termo usado na obra Convite à Interpretação Bíblica, de Andreas J. Köstenberger e Richard D. Patterson. São Paulo, SP: Vida Nova, 2015.