RESENHA A LEITURA – Alfabetização e linguística

RESENHA CRÍTICA – A LEITURA

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 8. Ed. São Paulo: Scipione, 1995, p. 147 - 181.

FREIRE, Jeswesley Mendes.

Cagliari (1995) defende que o aluno deve ser preparado para ler o mundo, pois a leitura é a principal atividade desenvolvida pela escola aos seus alunos, afirma que é muito mais importante a aquisição da capacidade de ler do que escrever, pois a leitura é um legado com prestígio social muito mais valioso que um diploma e ressalta que a escola não restringir as atividades de leitura à literatura e ao noticiário.

Cagliari acredita (p.149), "que tudo o que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver”, caracterizando-a como uma atividade de assimilação dos conhecimentos, de interiorização e de reflexão. Em razão disso, a escola que não estimula atividades constantes e significativas de leitura está predestinada ao fracasso dela e consequentemente dos seus alunos.

Em situações de leitura, espera-se que todo educador tenha o cuidado de ao planejar suas aulas, almejem o sucesso destas, o aluno deve capaz de ler, identificando e interpretando as informações do gênero textual, reconhecendo os elementos próprios à organização dos textos, suportes e a correspondência com as imagens. Salientamos a importância na escolha do gênero textual com a etapa cursada, mais ainda que o professor conheça a realidade de seus alunos. O papel do professor em situações de leitura deve objetivar sempre a compreensão total do texto por parte do aluno e que de nada adianta preservar os mesmos procedimentos de uma turma para outra, as adaptações as realidades de cada turma são expressamente importantes para alcançarmos o sucesso no processo congênito dos alunos. Cagliari (1995) alerta a cerca disso:

“Alguns tipos de leitura, como instruções e problemas de matemática, exigem que o leitor primeiro tome conhecimento do texto inteiro, depois releia-o por partes e em seguida encadeie essas partes segundo resultados ou cálculos anteriores, até chegar ao fim. Uma leitura de textos desse tipo só se completa quando se conclui o que eles pedem que se faça ou calcule. Antes disso, a compreensão do texto é parcial ou, se quiserem, apenas “linguístico-literal”, o que não faz muito sentido como o procedimento matemático mecânico (CAGLIARI, 1995, p. 172).”

Atividades de leitura envolvem ações difíceis tais como: a interpretação dos atos semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos e fonéticos. A leitura é, pois, a realização do objetivo da escrita. Ao escrever, escrevemos com a intenção termos nossas produções decodificadas. Cagliari (1995) faz referência a dois tipos de leitura: a leitura do mundo e a leitura linguística, cabe à escola dotar os alunos das capacidades necessárias para formar leitores capazes de decifrar e decodificar os textos.

A leitura pressupõe a decifração da escrita, para o autor, ensinar as crianças a ler utilizando a sua própria variedade linguística é fundamental para o sucesso neste processo formando leitores capacitados a decifrar e a decodificar o mundo a sua volta. Capacitando-as de acordo com os ritmos de cada um, a estabelecer no âmbito escolar leituras sintagmáticas e paradigmáticas cada vez mais complexas dentro e fora do contexto escolar.

Cagliari (1995) faz alusão a um dito popular que profere que a leitura é o alimento da alma e compara as pessoas que não sabem ler com aquelas que são vazias ou subnutridas de conhecimentos necessários para atuarem como cidadãos no mundo. E declara que:

“A leitura não pode ser uma atividade secundária na sala de aula ou na vida, uma atividade para a qual a professora e a escola não dedicam mais que uns míseros minutos, na ânsia de retornar aos problemas da escrita, julgados mais importantes. Há um descaso enorme pela leitura, pelos textos, pela programação dessa atividade na escola; no entanto, a leitura deveria ser a maior herança legada pela escola aos alunos, pois ela, e não a escrita, será a fonte perene de educação, com ou sem escola. (CAGLIARI, 1995, p. 173).”

Cada pessoa lê no seu próprio ritmo e esse fator não deve ser considerado um mal, cabe a escola respeitar as individualidades e ao leitor fazer a interferências necessárias para o seu entendimento do texto proposto, ativando os conhecimentos que ele já possui internalizados. Pronúncia, rapidez de decifração e outros aspectos não devem servir de pretexto para as rígidas avaliações adotadas pela escola, pois segundo Cagliari (p. 169) “Além de um valor técnico para a alfabetização, a leitura é ainda uma fonte de prazer, de satisfação pessoal, de conquista, de realização, que serve de grande estímulo e motivação para que o educando goste da escola e de estudar".

Para o autor, o aluno deve realizar suas primeiras leituras individualmente, uma vez que as atividades de leitura em voz alta e em público favorecem, de acordo com a capacidade de cada um, a ambientes de exposição ao ridículo para aqueles que ainda não dominam esta atividade, desestimulando-o leitor na própria leitura. Ele aposta na capacidade de entendimento de cada um ao afirmar que se os professores pedirem aos alunos para falarem a respeito daquilo que leram receberão resposta favoráveis do conhecimento dos alunos, e condena as leituras em público e em voz alta pois compreende que para a criança é difícil harmonizar os elementos fônicos e semânticos.

Cagliari expõe que no mundo atual, há um número maior de analfabetos de escrita do que leitores analfabetos e anuncia sobre os conceitos errôneos da avaliação de leitura e escrita, pois estas são sempre mais cobradas do que aquelas e justifica asseverando que a leitura é uma habilidade que precede a escrita, logo não deve haver separação entre elas. Quanto aos aspectos de como efetuar uma leitura, é preciso saber que a leitura não é a fala da escrita, mas um processo próprio que pressupõe um amadurecimento de habilidades linguísticas em parte diferentes das que ocorrem na produção da fala espontânea.

Neste processo, faz-se necessário um intenso planejamento por parte dos alfabetizadores nas atividades de leitura que devem, em princípio, serem leituras saborosas para os alunos, pois um ato mal planejado com leituras cansativas e de difícil compreensão poderá ocasionar em consequências danosas à capacidade cognitiva dos alunos. A criança não necessita conhecer plenamente as palavras de um texto, o professor deve deixa-la livre e se portar como o mediador entre o texto e a criança de acordo com o conteúdo e as estratégias de leitura elaboradas em seu planejamento da atividade.

Para Cagliari (1995), a escola deve desenvolver nos alunos a capacidade de ler não apenas textos, mas de atuarem como leitores de mundo. A ortografia deve ser ensinada através das atividades de leitura e a escola deve ensinar e treinar a pronúncia na norma padrão da Língua Portuguesa, mas esta deve ser uma atividade secundária. É primordial que a criança cresça culturalmente, adquirindo novos conhecimentos através da leitura e com abordagens das diversidades que as cercam sejam elas entre aluno/aluno, aluno/professor, aluno/mundo, etc., de forma que a criança acompanhe a evolução do mundo ao mesmo tempo que resguarda suas tradições.

Soares (2003) postula suas ideias em A reinvenção da alfabetização, onde a autora alterca a respeito da deturpação da especificidade/particularidade da alfabetização, destacando que a modificação de entendimento sobre esta ocorridas no sistema educacional brasileiro nos anos 80. No texto intitulado Reflexões sobre o fracasso escolar na alfabetização, Cagliari (2015) relata que o fracasso do aluno deve ser visto também como o fracasso do professor, da escola, dos métodos de ensino e do material didático, vou além desta afirmação do autor, pois a partir dos nossos estudos até esta etapa no curso de mestrado, credito às universidades a sua parcela de culpabilidade no insucesso dos alunos, pois profissionais malformados ou sem os conhecimentos científicos necessários para exercerem plenamente sua função enquanto professores alfabetizadores, não conseguirão promover a educação inclusiva que vê e reconhece nos erros possibilidades de acertos para o sucesso educacional dos alunos.

REFERÊNCIA BÁSICA

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 1997.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

CAGLIARI, Luiz Carlos e GIOVANI, Fabiana. Letras e textos. Reflexões sobre o fracasso escolar na alfabetização. São Paulo, 2015, 186p. (pág. 13-33).

SOARES, Magda. A reinvenção da alfabetização. Presença pedagógica. Belo Horizonte, v.9, n. 52, p. 15-21, jul./ago., 2003.

Jeswesley Mendes Freire
Enviado por Jeswesley Mendes Freire em 24/07/2017
Reeditado em 24/07/2017
Código do texto: T6063425
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