Apologia da História, ou, O ofício do Historiador. Marc Bloch.

Apologia Da História

Ou o Ofício Do Historiador

Marc Bloch (Nascimento: 6 de julho de 1886 Lyon, França Morte: 16 de junho de 1944 Saint-Didier-de-Formans, França), foi um historiador judeu, que juntamente com seu amigo, o também historiador Lucien Febvre, fundam a revista dos Annales, um periódico sobre a história, não apenas a história em si, mas também a história como ciência. Tendo sido um homem muito ativo, participando da primeira guerra mundial e se alistando na segunda guerra aos 53 anos de idade, Marc Bloch foi capturado na França tomada pelos nazistas e, é nesse conturbado panorama, no apogeu da segunda guerra mundial que escreveu sua obra mais importante.

Apologia a História ou o Ofício Do Historiador, como o nome já diz, traz uma reflexão sobre método, teoria, objetivos e documentação histórica. Ao longo de cinco capítulos, Marc Bloch vai traçando um paralelo com as teorias positivistas de Auguste Comte, e ainda faz críticas aos métodos de se lidar com os documentos de Charles Seignobos e Charles Langlois onde para esses, a história se fazia apenas com documentos oficiais, ou seja, os documentos falam por si, entretanto Marc Bloch dizia que a história é feita por homens e os vestígios que os homens deixam na natureza o homem no tempo. Marc Bloch defendia a história como ciência e segundo o mesmo tudo é documento e que nenhum documento deve ser descartado, mesmo que sejam falsificados, visto que, a falsificação de um documento pode trazer diversas indagações, pois é o historiador quem deve fazer as perguntas para o documento, acabando assim com a ideia de neutralidade do historiador. Não se contentando em escrever apenas sobre os documentos, mas sim questionando, inserindo em uma problemática, preconizando a história problema.

Já na introdução fica claro a posição do autor em relação a história, a tratando como a mais difícil das ciências, e ainda propondo um conhecimento relativo entre essas ciências, uma interdisciplinaridade, ideia essa que será melhor trabalhada durante os outros capítulos, onde Marc Bloch se esforça em explicar a função do historiador, como as escolhas, a história e os homens, o tempo histórico, o ídolo das origens, passado e presente, a transmissão dos testemunhos, a crítica como método e ainda a diversidade dos fatos humanos à unidade de consciência.

Por se tratar de uma obra muito complexa e um tanto carregada e amarrada de se ler ,não vou me atentar aos detalhes do livro capítulo por capítulo para não tornar a leitura dessa resenha tão maçante quanto o próprio texto de Marc Bloch, para tanto irei sintetizar de forma mais objetiva possível as ideias que ficam evidentes na obra, posto que essa obra não é uma obra para ler apenas e sim para ser estudada com maior cuidado e particularidade o que não vem ao caso no momento.

O livro em questão é um tanto fragmentado, dada a condição de prisioneiro do autor que se queixa de não ter acesso à uma biblioteca e assim fazer suas anotações usando apenas sua memória. Esse fator evidencia toda a capacidade de pensamento de Marc Bloch ao apresentar um tema tão complexo de forma muito eficaz, tendo o cuidado em tratar a história como uma ciência, a ciência do homem. Para isso traz vários exemplos para distinguir a história das demais ciências, alegando até que algumas ciências devem interagir entre si ,e ainda que algumas ciências são auxiliares da história.

O livro em si, não é uma obra fácil de ler a primeira vez, posto que, apesar de pequeno, e o próprio Marc Bloch defende que o historiador tem que saber tratar tanto com aos doutos quanto aos escolares, o livro é cheio de termos técnicos usado pelo autor para explicar sua teoria e metodologia, por isso, para iniciantes será necessário o uso de um bom dicionário. Talvez seja preciso reler o livro algumas vezes até entender o que o autor teve a preocupação e a urgência de explicar como devemos escrever a história.

O livro Apologia a História ou o Ofício Do Historiador, apesar de ser uma obra inacabada, por conta da morte do historiador, que foi fuzilado pelos nazistas é, portanto, um manual de todo aquele que tem a pretensão em ser um historiador. A obra de Marc Bloch, foi lançada graças a Lucien Febvre e pode ser muito complicada, porém por trazer aspectos importantes acerca dos métodos historiográficos, torna a leitura dessa obra não apenas obrigatória, porém essencial.

Joey Rascunho
Enviado por Joey Rascunho em 03/02/2017
Reeditado em 23/01/2022
Código do texto: T5901155
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