Ela preferiu a morte à desonra
“ELA PREFERIU A MORTE À DESONRA”
Miguel Carqueija
Resenha do livro “Aída Curi: o preço foi a própria vida!”, do Padre Maurício Curi – 4ª edição (edição do autor), 1978 (?), composta e impressa na Editora Ave-Maria (São Paulo-SP). Apresentação de Dom Eugenio de Araújo Sales, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro. Carta do Cardeal Benelli, Secretaria de Estado do Vaticano. Capa de Pedro Ribeiro.
“Quanto mais frágil é o recipiente, maior é a graça; a primeira mulher pecou e morreu; agora, uma mulher morre para não pecar... Que desculpa darão os homens medrosos e fracos, quando as mulheres se comportam de maneira tão enérgica e viril?”
(São João Crisóstomo, citado pelo Padre Maurício Cúri no livro ora resenhado)
“Antes morrer que pecar...”
(Aída Curi)
No dia 14 de julho de 1958 o Rio de Janeiro foi abalado por um crime monstruoso e chocante: uma menina de 18 anos, recém-saída de um colégio interno de freiras, foi arrastada até o terraço de um edifício em Copacabana e, após intensa tentativa de curra (como naquele tempo chamavam os estupros), foi jogada lá do alto para a morte na calçada. A menina, cuja família era de origem libanesa, chamava-se Aída Curi. Católica fervorosa, confessava-se com o próprio cardeal do Rio de Janeiro, o respeitado Dom Jaime de Barros Câmara.
Este crime chamou a atenção do conhecido jornalista Davi Nasser, que pela revista “O Cruzeiro” e pela Televisão Tupi deu início a um candente libelo contra os acusados Ronaldo Castro, Cássio Murilo, Antonio João, até se expondo a um processo, e defendendo de forma intransigente a virtude da mocinha assassinada, já que nessas horas a inversão de valores da Idade das Trevas faz o possível para transformar uma vítima em criminosa.
Anos depois um dos irmãos de Aída, Maurício Curi, já agora sacerdote, escreveu um livro para preservar a memória de sua querida irmã, quem sabe uma futura santa canonizada. Desde cedo, milagres foram atribuídos a Aída, com certeza uma menina santa, uma Maria Goretti brasileira.
Maurício Curi nem sequer menciona os nomes dos envolvidos (Ronaldo Castro, em primeira instância, foi condenado a 37 anos, sentença rebaixada num segundo julgamento). Tanto ele como a mãe de ambos, Jamila Jacob Curi, perdoaram os assassinos. O objetivo do padre, ao escrever seu livro, foi por em evidência as virtudes cristãs de sua heróica irmã.
O fato ocorreu na Avenida Atlântica, no n° 3388. O corpo lançado no abismo provocou grande ajuntamento, o início de uma das maiores comoções ocorridas nesta país.
“Não se preocupe, mamãe. Se alguém se aproximar de mim com más intenções... eu gritaria... eu lutaria até morrer... mas ninguém há de me encostar um só dedo. Nunca irei permitir que a senhora se envergonhe por minha causa.”
(Aída Curi)
“Ela preferiu a morte à desonra.”
(Padre Maurício Curi)
“O trabalho de meu pai ia relativamente bem. O ano de 1944, entretanto, iria trazer a nosso lar uma dolorosa perda. A inopinada morte de nosso pai não lhe deixara tempo suficiente para providenciar uma segurança para nós, nem um mínimo sequer. Deixou-nos todos pequenos, o mais velho com 11 anos e o caçula com 2 meses e meio. Aída contava apenas cinco anos. “
(Padre Maurício Curi)
Não foi fácil para Dona Jamila, mas ela encontrou heroicamente os meios de cuidar dos cinco filhos, quatro meninos e mais Aída. Esta acabou internada no Educandário Gonçalves de Araújo, em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro, uma instituição de freiras, onde também estudou minha mãe, mas em epoca anterior. Mamãe falava muito na Madre Garmêndia, que aparece no livro, dando o seu depoimento sobre aquela aluna exemplar e edificante, católica fervorosa, Aída Curi. Eis o teor da carta que Madre Eusébia Garmêndia, ex-superiora do educandário, enviou de Barcelona em 8/12/1959, para Dona Jamila:
“Minha boa e querida Dona Jamila,
Meus parabéns!
Sim, meus parabéns, pois lhe coube a felicidade de ser mãe de uma mártir... disto eu não tenho a menor dúvida. Aída foi um modelo de educanda e continuará sendo um modelo verdadeiramente exemplar para as mocinhas do meu saudoso Brasil; este mundo miserável não merecia possuir uma criatura como ela, e Deus a levou, depois de demonstrar como ajuda, dando a coragem necessária até ao heroísmo para vencer as dificuldades e conseguir o cumprimento de nobres ideais. Sinto-me feliz de ter convivido com a sua boníssima filha e minha angelical e dedicada Aída Curi.
O abraço amigo de
Madre E. Garmêndia.”
“Em plena Copacabana, surge uma irmã de Maria Goretti.”
(Dom Helder Câmara)
Diversos outros testemunhos, como o da Professora Lúcia Cerne Guimarães Corona (orientadora educacional do Colégio Pedro II) atestam as elevadíssimas qualidades morais e espirituais daquela que, Deus o permita, ainda irá para os altares como mais uma santa brasileira.
Rio de Janeiro, 1 e 2 de março de 2016.
“ELA PREFERIU A MORTE À DESONRA”
Miguel Carqueija
Resenha do livro “Aída Curi: o preço foi a própria vida!”, do Padre Maurício Curi – 4ª edição (edição do autor), 1978 (?), composta e impressa na Editora Ave-Maria (São Paulo-SP). Apresentação de Dom Eugenio de Araújo Sales, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro. Carta do Cardeal Benelli, Secretaria de Estado do Vaticano. Capa de Pedro Ribeiro.
“Quanto mais frágil é o recipiente, maior é a graça; a primeira mulher pecou e morreu; agora, uma mulher morre para não pecar... Que desculpa darão os homens medrosos e fracos, quando as mulheres se comportam de maneira tão enérgica e viril?”
(São João Crisóstomo, citado pelo Padre Maurício Cúri no livro ora resenhado)
“Antes morrer que pecar...”
(Aída Curi)
No dia 14 de julho de 1958 o Rio de Janeiro foi abalado por um crime monstruoso e chocante: uma menina de 18 anos, recém-saída de um colégio interno de freiras, foi arrastada até o terraço de um edifício em Copacabana e, após intensa tentativa de curra (como naquele tempo chamavam os estupros), foi jogada lá do alto para a morte na calçada. A menina, cuja família era de origem libanesa, chamava-se Aída Curi. Católica fervorosa, confessava-se com o próprio cardeal do Rio de Janeiro, o respeitado Dom Jaime de Barros Câmara.
Este crime chamou a atenção do conhecido jornalista Davi Nasser, que pela revista “O Cruzeiro” e pela Televisão Tupi deu início a um candente libelo contra os acusados Ronaldo Castro, Cássio Murilo, Antonio João, até se expondo a um processo, e defendendo de forma intransigente a virtude da mocinha assassinada, já que nessas horas a inversão de valores da Idade das Trevas faz o possível para transformar uma vítima em criminosa.
Anos depois um dos irmãos de Aída, Maurício Curi, já agora sacerdote, escreveu um livro para preservar a memória de sua querida irmã, quem sabe uma futura santa canonizada. Desde cedo, milagres foram atribuídos a Aída, com certeza uma menina santa, uma Maria Goretti brasileira.
Maurício Curi nem sequer menciona os nomes dos envolvidos (Ronaldo Castro, em primeira instância, foi condenado a 37 anos, sentença rebaixada num segundo julgamento). Tanto ele como a mãe de ambos, Jamila Jacob Curi, perdoaram os assassinos. O objetivo do padre, ao escrever seu livro, foi por em evidência as virtudes cristãs de sua heróica irmã.
O fato ocorreu na Avenida Atlântica, no n° 3388. O corpo lançado no abismo provocou grande ajuntamento, o início de uma das maiores comoções ocorridas nesta país.
“Não se preocupe, mamãe. Se alguém se aproximar de mim com más intenções... eu gritaria... eu lutaria até morrer... mas ninguém há de me encostar um só dedo. Nunca irei permitir que a senhora se envergonhe por minha causa.”
(Aída Curi)
“Ela preferiu a morte à desonra.”
(Padre Maurício Curi)
“O trabalho de meu pai ia relativamente bem. O ano de 1944, entretanto, iria trazer a nosso lar uma dolorosa perda. A inopinada morte de nosso pai não lhe deixara tempo suficiente para providenciar uma segurança para nós, nem um mínimo sequer. Deixou-nos todos pequenos, o mais velho com 11 anos e o caçula com 2 meses e meio. Aída contava apenas cinco anos. “
(Padre Maurício Curi)
Não foi fácil para Dona Jamila, mas ela encontrou heroicamente os meios de cuidar dos cinco filhos, quatro meninos e mais Aída. Esta acabou internada no Educandário Gonçalves de Araújo, em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro, uma instituição de freiras, onde também estudou minha mãe, mas em epoca anterior. Mamãe falava muito na Madre Garmêndia, que aparece no livro, dando o seu depoimento sobre aquela aluna exemplar e edificante, católica fervorosa, Aída Curi. Eis o teor da carta que Madre Eusébia Garmêndia, ex-superiora do educandário, enviou de Barcelona em 8/12/1959, para Dona Jamila:
“Minha boa e querida Dona Jamila,
Meus parabéns!
Sim, meus parabéns, pois lhe coube a felicidade de ser mãe de uma mártir... disto eu não tenho a menor dúvida. Aída foi um modelo de educanda e continuará sendo um modelo verdadeiramente exemplar para as mocinhas do meu saudoso Brasil; este mundo miserável não merecia possuir uma criatura como ela, e Deus a levou, depois de demonstrar como ajuda, dando a coragem necessária até ao heroísmo para vencer as dificuldades e conseguir o cumprimento de nobres ideais. Sinto-me feliz de ter convivido com a sua boníssima filha e minha angelical e dedicada Aída Curi.
O abraço amigo de
Madre E. Garmêndia.”
“Em plena Copacabana, surge uma irmã de Maria Goretti.”
(Dom Helder Câmara)
Diversos outros testemunhos, como o da Professora Lúcia Cerne Guimarães Corona (orientadora educacional do Colégio Pedro II) atestam as elevadíssimas qualidades morais e espirituais daquela que, Deus o permita, ainda irá para os altares como mais uma santa brasileira.
Rio de Janeiro, 1 e 2 de março de 2016.