Mais Brilhante Que o Sol - Capítulo 1

Às vezes ela lançava as mãos para o alto no ritmo da música, a letra fluindo por seus lábios como se já fossem intimas.

Às vezes ela pulava como se tivesse torcendo por algo ou alguém.

Estava sempre sorrindo, como se fosse a dona da felicidade.

Talvez ela fosse.

Dançava com seus amigos agora, uma hora com uma pessoa e depois outra até ter dançado com todos os que estavam presentes na roda.

Eles também estavam contentes. Mas ela já tinha minha total atenção.

Os cabelos encaracolados e claros como fios dourados acompanhando todos os seus movimentos. Era uma cena bonita de se ver.

Mas ela não se destacava apenas pra mim.

Por mais que houvesse dezenas de outras garotas ali, todas vestidas impecavelmente, quase como se acabassem de sair de uma prateleira de bonecas não chegavam a seus pés na minha opinião. Ela chamava atenção sem nem mesmo querer ou buscar.

Acho que além do ar de felicidade que pairava sobre ela e seu grupo, sua simplicidade também chamava atenção. Diferente das outras, não havia saias curtas e blusas decotadas. Ou sapatos de salto alto.

Havia shorts jeans escuros, uma camiseta bonita e tênis all-star de cano médio.

Era quase engraçado ver a cara de espanto ou de raiva que algumas meninas lançavam quando a olhavam e viam que uma pessoa poderia ficar bonita com pouco e sem parecer as garotas superficiais que todas elas aparentavam.

Mas ela não parecia se importar com nada ao redor, queria se divertir.

Vez ou outra ela ia ao quiosque do Jacob para pegar mais refrigerante, para depois voltar para perto do pequeno palco montado na areia.

Eu não conhecia a banda que tocava, e nem sabia dizer se era famosa ou se era uma dessas bandas de garagem que passavam as férias peregrinando por festas na praia. Eu não conhecia quase nenhuma das músicas tocadas, mas até que estava gostando.

A Garota da Felicidade sabia de cor e salteado todas elas. Então me perguntei se era seguidora da banda. Eu claramente nunca havia visto ela por aqui, nem as pessoas com quem estava. Talvez estivessem de férias.

Acho que gostaria se ela estivesse aqui por isso. Afinal seriam três meses...

Ao perceber o rumo que meus pensamentos estavam tomando sacudi a cabeça tentando dispersá-los e me levantei do rochedo no qual estava sentado, onde me era privilegiada a vista de toda a festa que tomava a praia.

Eu precisava ajudar Dave a juntar as coisas em sua barraca de lanche, pensei comigo mesmo numa tentativa frustrada de desviar o foco de meus pensamentos. O que está havendo Peter?

Enquanto estava me afastado resolvi me arriscar e olhar uma ultima vez na direção daquela estranha irresistível.

Agora ela ria de algo contado pela menina ao seu lado e parecia procurar alguém no meio da multidão. Mas de repente, rápido demais para que eu pudesse desviar, nossos olhares se encontram. Ela ainda estava sorrindo, e era tão bonito ver. O sorriso dela estava além dos lábios rosados, estava nos olhos também. Mas tudo que eu podia enxergar sobre eles é que eram escuros e brilhantes. Não consegui desviar meus olhos dos dela.

E me perguntei se conseguiria ao menos saber qual cor eles tinham. Ou com um pouco de sorte, seu nome. Estava escuro ainda e onde ela agora se encontrava, longe do palco, em frente a fogueira acesa minutos antes era impossível consegui essa definição.

Foi pensando nisso que eu finalmente recomecei a caminhar. Torcendo para que talvez tivesse a chance de encontrá-la novamente, de perto desta vez.

Ana Fletcher
Enviado por Ana Fletcher em 25/06/2014
Código do texto: T4858325
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