Capítulo 26 - Já é tarde para despedidas

Eu fui apunhalado pelas costas e o pior de tudo era saber que eu não podia fazer nada para passar a dor, apenas esperar, no frio e vazio mundo dos vivos, sem você aqui eu não consigo mais viver, nem ao menos sorrir como sorria por ti.

Quando vi seu corpo dentro daquele caixão, entrei em conflito e eu realmente não sabia mais o que poderia fazer. Até chegar aqui, e entre essas paredes escuras e abandonadas eu pude deixar a tristeza me deixar aos poucos.

-Então você está aqui, você não sabe como estamos preocupados. - anuncia Daniel. - Vendo Will em um estado horrível.

-Eu sou o culpado por isso. Ela poderia estar viva hoje, se eu soubesse que ela estava passando mal antes de isso acontecer... - Falei até que ele me interrompesse.

-Mas não sabia, nem eu soube, na verdade Lya não sabia também, as coisas infelizmente acontecem, mas eu ainda tenho um filho Will, sempre lhe considerei assim, desde quando Lya me falou sobre você, os olhos dela brilhavam, e eu sentia um amor de verdade nela, nunca havia visto ela assim. Quando pude ver vocês dois perto um do outro tive essa certeza. Então por mais que tenhamos perdido alguém insubstituível, temos que superar isso.

-Eu queria muito, olhar pro passado, e lembrar apenas das coisas boas, de todos os momentos que tivemos juntos, de todas as alegrias que passamos, mas não é fácil. Eu a amava muito e nunca consegui provar isso direito.

-Provou sim, sempre provou, você estava com ela o tempo todo. Pense bem, hoje temos o Evan para cuidar, você é pai Willian, sabe o que é isso?

-Você gostou de ser pai? - Falei sem pensar, e vi seus olhos desabarem em lágrimas que pareciam estar presas a muito tempo.

-Eu.. Eu fiz tudo o que pude, infelizmente não terminou do jeito que qualquer pai gostaria, mas a vida termina em algum momento, e dessa vez a morte chegou cedo pra ela... Vamos pra casa, você precisa se limpar, tentar pensar e resolver as coisas. - ele respondeu

-Não, eu irei ficar aqui, por favor me deixe sozinho.

-Tudo bem.

Tentei sair de lá, e fui até o Deposity United, mas as escadas me levaram até o terraço e aquela vontade louca de se jogar, então fiquei sobre o canto superior do telhado, abri meus braços e sentia o vento pelo meu corpo e uma voz percorria minha mente...

-Não faça isso - No começo pensei que fosse Lya gritando em meus sonhos, mas depois percebi que era o segurança do prédio.

Só que depois de alguns segundos ele correu na minha direção e se jogou em cima de mim, caímos ao lado da cobertura sobre alguns vidros em espiral, lembrava deles na decoração interna do prédio. Então ele me algemou e eu desmaiei.

Acordei num "hospital" limpo e vestido, havia um homem na cama ao lado. Otto se apresentou após um tempo, mas seu jeito e sua fala estavam totalmente comprometidos. Então só restava esperar naquele lugar, até que dois dias depois Daniel veio me visitar, e a raiva que estava guardando para aquele momento desapareceu quando ele falou que Evan estava quase pronto para deixar o hospital.

Claro que não do jeito que deveria, pois ele teria que beber leite em pó, , eu sorri pela primeira vez após o que aconteceu mas logo voltei a minha depressão particular, e Daniel me chamou para ir pra casa, mesmo assim eu não poderia.

Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 03/02/2014
Reeditado em 03/02/2014
Código do texto: T4676366
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