Capítulo 25 - A última viagem
Por: Daniel Thurow
O enterro foi difícil de se presenciar, ver a pessoa que você tanto cuidou, ensinou e passou momentos felizes juntos ali dentro de um caixão era algo muito doloroso, me sentia destruído, e o mesmo eu via nos olhos de Willian.
Os discursos começaram, mensagens de apoio a família foram ditas, todo aquele falatório padrão. Mas o que todos nós sentiamos de verdade não era algo que parecesse poder se curar com o tempo e realmente não curou. Três meses após a morte dela peguei Will sentado sobre a ponte de Garden, e os olhos vermelhos dele me diziam tudo, seria muito difícil superar.
Evan crescia rápido, eu passava muito tempo no hospital, e era um pouco doloroso olhar para ele e ver aqueles olhos idênticos aos dela, aquele cabelo que crescia devagarinho, igual o de Will, era a criança mais linda que eu já tinha visto.
Will começou a faltar no trabalho, o que fez com que o gerente viesse me procurar, eu lhe disse que ele não estava bem, e que não estava fácil para nós, ele entendeu mas disse que não poderia fazer muito e se Will continuasse faltando teria que demiti-lo o que realmente aconteceu uma semana depois.
O procurei na casa de seus pais, nenhum sinal, cruzei a cidade e procurei por todos os lados, ele havia sumido a dois dias. Então recebi uma ligação inusitada. Era Bianca, me perguntando se eu ainda não o tinha encontrado, respondi que não, e ela se ofereceu para ajudar.
Mas foi em vão, então fomos ao hospital, ver Evan, e logo ela se apaixonou por aquele menino tão pequeno e me perguntou:
-Bem, sei que é difícil, mas sem a Lya aqui, quem vai cuidar dele?
-Não pensei nisso, na verdade não ando pensando em muita coisa ultimamente. - respondi.
-Tudo bem, mas se precisar de ajuda, eu e minha mãe poderíamos ajudar.
-Obrigado Bianca, mas agora é melhor você ir, antes que sua mãe venha te procurar.
-Boa noite Daniel.
-Boa noite Bianca
Eliza chegou um pouco depois de Bianca sair, me mandou ir para casa dormir, ela ficaria ali, cuidado de nosso pequeno neto, então a abracei e fui para casa. No dia seguinte cheguei mais cedo no trabalho, o gerente me chamou novamente, e me perguntou se eu havia encontrado o Will, falei que não, e então ele disse:
-Recebi uma ligação estranha ontem a noite, ele me disse que não conseguia mais viver sozinho, parecia bem transtornado.
-Ele disse onde estava? - perguntei
-Na verdade não, mas eu pedi para o pessoal rastrear a ligação e descobrimos.
-Onde?
-Num casarão abandonado, na avenida Bonroy, fica a dois quarteirões da sua casa.
-Vou lá depois do trabalho - respondi olhando em seus olhos.
-Não, você vai lá agora, não quero que fique o dia todo pensando em como ele pode estar, vá, e volte quando puder.
-Obrigado