A dúvida - Maria Eugênia Souza de Athayde Nunes

A dúvida. De Maria Eugênia Souza de Athayde Nunes, poetisa, palestrante, instrutora em oficinas e cursos com foco no setor público. Com a audácia característica de uma verdadeira Assistente Social que é, escreve o conto que sem mais exageros contorna a passagem de uma mulher que sonha na mudança ao seu redor – sendo ela feminista com vigor; que ainda almeja um amor; que se apaixona e que se encontra entre as dúvidas da vida deste amor que enlaçara.

A dúvida, conta a história de Sandra e Miguel, ambos viveram um ‘amor à primeira vista’. O conto faz uma volta no tempo para descrever como o casal se conheceu. O jovem Miguel era novo no bairro que Sandra morava. Sandra estudava antropologia, morava no Rio de Janeiro. Com toda a descrição da autora, eram jovens lindos e cheios de saúde! Com valores próprios de suas culturas, mais com ousada sabedoria e respeito entre ambos, apesar da diferença de idades entre eles, ela com quase vinte anos e ele com seus trinta e dois anos incompletos.

Desde o primeiro olhar, fizeram de tudo e mais um pouco para que pudessem se esbarrar tantas e tantas vezes. O primeiro esbarro foi em uma manhã quando Sandra ia para a biblioteca da Universidade e, ele Miguel, vinha do escritório de engenharia, onde trabalhava. Como todo homem ou mulher que sente paixão, alguém teria que dar o primeiro passo. Neste caso, foi Miguel. Planejara o encontro e cheio de esperanças a convidou para uma carona. Conversaram e nem perceberam, mas ali viram que não se conheciam há pouco, mas que já estavam certos de que deviam estar juntos e eternizar aquele encontro com vários outros.

Bobagem ou realidade? Será mesmo que existe homem assim? Que além de se apaixonar deseja mesmo eternizar o amor – guardá-lo, revivê-lo a cada instante? Será mesmo isso, ou é somente coisa dos anos cinquenta?!

Com naturalidade, e, com atenção observa cada passo dela, cada característica e a afirma como única para suas vistas. É original cada detalhe descrito no conto – a autora com precisão sabe encantar o leitor e levá-lo para cada cena, com toda emoção que é inevitável.

Sem mais delongas, Miguel é direto e fala do tempo que a observava e tudo o que sentia por ela, desde o dia em que a viu pela primeira vez. O deleite fazia parte da alegria entre ambos. A cada palavra dita, a cada riso e trocas de olhares.

Cativante ler o conto, e imaginar uma trilha sonora... E neste caso o que toma de conta de seus anseios é a trilha mencionada, Let it be dos Beatles e ficou a pensar na amada Sandra.

Ao mesmo tempo, Sandra ali na biblioteca, deixa-se desconcentrar-se e fica pensar em seu amado. “Sua alma queria dizer poesia, os pensamentos iam e vinham impertinentes a provocar-lhe.” Começaram um relacionamento, suas famílias eram a favor. Mas algo apavora Sandra, era o casamento. Miguel a desejava como sua esposa. Mas como de costume de sua época, Sandra não deseja tornar-se esposa e viver uma vida como sua mãe, avó e todas as mulheres da família. Sandra desejava seguir uma carreira profissional e viver por si, queria mudar o mundo!

E a dúvida penetra sua vida como um tormento em suas reflexões: casar ou não casar? Renunciar a paixão, aos seus desejos. Renunciar Miguel? Mas será mesmo que se casando ela deixaria de lado seus anseios como pesquisadora? Ela queria estar junto a ele, construir uma família ao lado dele, mas e a antropologia?

Sandra assumiu a responsabilidade e seguiu seu coração. Já nos preparativos para o noivado, junto a sua mãe fora ver seu lindo vestido. De súbito, o conto é surpreendente. Traz em si a imaginação fértil da mente das mulheres... Nos últimos parágrafos é impressionante a mudança de estado da personagem quando fala de desejos carnais... Enfim, a dúvida que surge é se ela se casou ou não. No inicio do conto, narra a passagem em seu aniversário de vinte anos e no mesmo dia Miguel a pediu em casamento.

O conto finaliza com Sandra e sua mãe em um café, e de fundo o som dos Beatles - Let it be.

Elisângela Feitosa
Enviado por Elisângela Feitosa em 26/01/2014
Reeditado em 26/01/2014
Código do texto: T4666169
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