GESTÃO ESCOLAR E FORMAÇÃO DE GESTORES: O QUE SE ESPERA DA ESCOLA E DA ATUAÇÃO DOS SEUS ATORES

Tema fundamental para gestores, professores, técnicos, assistentes e todos os demais profissionais que atuam na área de Educação é abordado pela doutora Heloísa Luck neste artigo, publicado na 72ª edição (fev-jun de 2000) do periódico Em Aberto (Brasília-DF). A temática não é nova. Neste contexto, é, na realidade, uma síntese ampliada de parte da obra da autora, voltada para a área da gestão escolar, orientação educacional e formação de quadros profissionais.

O novo dessa abordagem é o entendimento da autora de que o conhecido conjunto de atores que compõem a comunidade escolar (professores, técnicos, funcionários, alunos e pais) precisa de uma maior interação, participação e cumplicidade, pois desses fatores dependem a identidade da instituição escola e, consequentemente, os resultados que pode gerar.

Heloísa Luck é pós-doutora em Pesquisa e Ensino Superior pela George Washington University e doutora em Educação pela Columbia University (New York), ambas nos Estados Unidos. Atualmente ela é diretora educacional do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), na cidade de Curitiba (PR), e consultora do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Com atuação voltada para a pesquisa, a educadora é autora de diversos livros, entre eles “Ação Integrada – Administração, Supervisão e Orientação Educacional”, que já está na 26ª edição; “Perspectivas da Avaliação Institucional da Escola”, “Metodologia de Projetos: uma Ferramenta de Planejamento de Gestão”, na sua 5ª edição; “A Gestão Participativa na Escola”, “Liderança em Gestão Escolar”, “Planejamento em Orientação Educacional”, “Pedagogia Interdisciplinar: Fundamentos Teóricos-Metodológicos”, “Gestão Educacional – Uma Questão Paradigmática”, “Gestão da Cultura e do Clima Organizacional da Escola”, “Pedagogia Interdisciplinar – Fundamentos Teórico-Metodológicos”, na 17ª edição; e “Concepções e Processos Democráticos de Gestão Educacional”.

Neste trabalho “Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores”, a autora faz uma análise aprofundada da mudança da concepção da escola, as formas de gerir e as implicações relacionadas ao processo de gestão. Ela mesma afirma que entre os objetivos do artigo estão a mudança de concepção “do modelo estático de escola e de sua direção; a transição de um modelo estático para um paradigma dinâmico; a descentralização, a democratização da gestão escolar e a construção da autonomia da escola” (LUCK, p 11).

A discussão está estrategicamente dividida em nove tópicos (alguns subdivididos), que servem para dar margem à apresentação dos argumentos, exemplos e ao aprofundamento da análise acerca dos desafios relacionados à gestão escolar.

Inicialmente, no tópico “Mudança de concepção de escola e implicações quanto à sua gestão” (p. 12-13), Luck foca na necessidade de multiplicação dos esforços de organização da instituição escola, que não se limita apenas à preparação do estudante para que ele possa galgar níveis mais elevados de escolaridade, mas é também responsável pelo seu aprendizado e compreensão da vida e da sociedade, que lhe proporcionarão as condições essenciais ao exercício efetivo da cidadania (p. 12).

Aqui, sob o argumento de que, direta ou indiretamente, tudo está interligado a tudo, Luck apresenta a necessidade da transição do modelo estático para o paradigma dinâmico. E cita Drucker (1992) ao final da argumentação: “tudo que dava certo antes está fadado ao fracasso na nova conjuntura” (p.13).

No tópico “As limitações do modelo estático da escola e de sua direção”, a autora fala da heterogeneidade do ambiente social da escola, argumentando que, diante da complexidade de interesses e de interações, se faz necessária a mudança do modo de gerir e de uma melhor formação do gestor, de forma a atender com maior eficiência as demandas.

A discussão prossegue nos demais tópicos, que são: “A transição de um modelo estático para um paradigma dinâmico” (P. 14-16), “A descentralização, a democratização da gestão escolar e a construção da sua autonomia da escola”, (p.16-19), “A autonomia da escola” (p.19- 25), “Características da construção da autonomia” (p. 25-27), “A democratização da gestão escolar” (p.27), “Orientação para resultados, monitoramento e avaliação: uma condição para a autonomia e a democratização da escola” (p. 27-28) e “A formação de gestores escolares” (28-32).

Ao longo do artigo, a autora enfoca a importância do gestor na sensibilização dos colaboradores (para fazê-los também se sentirem responsáveis pelos resultados) e da necessidade de se estabelecer a sinergia da equipe. Estes são passos rumo à democratização do ensino, da descentralização do poder e para a construção da autonomia escolar, que não pode se resumir apenas à questão financeira, mas também levar em consideração a dimensão da capacidade decisória da escola, em todos os sentidos.

Não a toa, Luck se esforça na análise de mudança de concepção da escola, de educação e de toda a interação escola-comunidade, que requer, também, modificações e uma nova dinâmica nos modos de administrar, mediar conflitos e tensões, promover transformações e interações, oferecer alternativas, compartilhar decisões e resultados.

Como registrado no início, a leitura de “Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores” é de fundamental importância para os profissionais da área de educação que necessitam discutir saídas para uma gestão escolar mais eficiente, mais participativa e mais comprometida com a comunidade. A partir deste texto é possível o profissional se localizar e definir, com bases metodológicas, o caminho a trilhar e o local aonde quer chegar.